PF apreende cerca de R$ 3 mi com desembargador aposentado suspeito de vender sentença
Operação da Polícia Federal apura suspeitas de corrupção e venda de sentenças judiciais no Mato Grosso do Sul
A Polícia Federal apreendeu aproximadamente R$ 3 milhões em dinheiro vivo na residência do desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira Cardoso, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele é um dos alvos de uma investigação que apura suspeitas de corrupção e venda de sentenças judiciais. A operação ocorreu nesta quinta-feira, 24. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
Uma imagem divulgada pela PF mostra mostra notas de R$ 50, R$ 100, R$ 200 e também dólares. As investigações indicam suspeitas de que o advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Pimentel, teria sido beneficiado financeiramente por causa de uma decisão favorável emitida por Cardoso.
Além disso, segundo a Folha, o desembargador é suspeito de ter feito "transações imobiliárias de grande monta", usando dinheiro de origem não rastreável, ou seja, que não transitaram em contas bancárias de sua titularidade. O Terra tenta localizar a defesa do magistrado. O espaço segue aberto para manifestações.
Cinco desembargadores afastados
Cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul foram afastados após investigações da PF. Segundo informações da TV Globo, o presidente do TJ-MS, Sérgio Fernandes Martins, também foi afastado.
A determinação partiu do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a Polícia Federal a cumprir, junto com a Receita Federal, 44 mandados de busca contra os alvos. Outros servidores públicos, 9 advogados e empresários suspeitos de se beneficiarem do esquema também são alvos da investigação.
Foram afastados pelo STJ, por 180 dias, os desembargadores Sérgio Fernandes Martins, presidente do TJ-MS; Vladimir Abreu da Silva; Alexandre Aguiar Bastos; Sideni Soncini Pimentel e Marco José de Brito Rodrigues.
Também foram afastados o Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Osmar Domingues Jeronymo e seu sobrinho, também servidor do TJ-MS, Danillo Moya Jeronymo, segundo a emissora.
Um juiz de primeira instância, dois desembargadores aposentados e um procurador de Justiça também estão entre os investigados. Os mandados foram cumpridos em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá.
Os cinco desembargadores devem usar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de acessar as dependências de órgãos públicos e de se comunicarem com outras pessoas investigadas. Entre os crimes cometidos pelo grupo estão lavagem de dinheiro, extorsão, falsificação e organização criminosa.
A operação é resultado de três anos de investigações da Polícia Federal, e foi chamada "Ultima Ratio", um princípio do Direito segundo o qual a Justiça é o último recurso do Poder Público para parar a criminalidade.
Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) informou ter ciência sobre a operação deflagrada nas dependências da Corte.
"Até o presente momento, o TJMS não teve acesso aos autos e ao inteiro teor da decisão que motivou a ação. Em virtude disso, não dispomos de subsídios suficientes para emitir qualquer declaração ou posicionamento sobre os fatos. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a legalidade, e assim que tivermos mais informações, estaremos à disposição para atualizações", diz o comunicado.