PF está próxima de fechar delações que podem incriminar Bolsonaro, diz jornalista
Acordos em negociação são com servidores da PRF e estão relacionados à atuação do governo federal no segundo turno das eleições
A Polícia Federal (PF) está prestes a concluir uma série de acordos de delação premiada que podem ter implicações criminais para o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno. As delações estão sendo elaboradas no bojo do inquérito relacionado aos atos ocorridos em 8 de janeiro, conforme informações divulgadas pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Embora esses acordos ainda não tenham sido confirmados, fontes dentro da PF afirmaram que estão fazendo progressos significativos nas negociações com um grupo específico de indivíduos: funcionários do Ministério da Justiça e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que estiveram envolvidos nas operações realizadas pela corporação no segundo turno das eleições de 2022.
De acordo com os investigadores envolvidos nas apurações e nas negociações com esses servidores, ao menos 3 acordos estão prestes a ser concretizados e desempenharão um papel crucial em revelar a extensão da cadeia de comando por trás da operação que realizou bloqueios nas estradas do Nordeste, principalmente na Bahia.
As investigações indicam que essas operações tinham como objetivo afetar a mobilização dos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições.
Essa ação, denominada de "Operação Eleições 2022", foi planejada durante uma reunião interna de superintendentes da corporação. A decisão foi tomada com base na análise de boletins de inteligência do Ministério da Justiça, que mapearam as regiões onde Lula teve uma votação mais expressiva no primeiro turno.
A PF já possui informações indicando que, durante a reunião com os superintendentes, o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, mencionou a necessidade da corporação "tomar um lado" - em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Posteriormente, ocorreram discussões sobre os pormenores da operação e do mapeamento realizado pela então diretora de inteligência, Marilia Alencar, no Ministério da Justiça, com a participação de Silvinei e outros assessores do ministro Anderson Torres.
O ex-diretor da PRF foi preso em 9 de junho por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. No mesmo dia, foram realizados interrogatórios de 49 pessoas presentes na reunião da PRF, além de diversos outros servidores que desempenharam papéis fundamentais no Ministério da Justiça.