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Ronnie Lessa diz que delegacia queria culpar ex de Marielle Franco; entenda

Assassino confesso da vereadora e do motorista Anderson Gomes, em 2018, explicou que objetivo era criar a possibilidade de crime passional

29 ago 2024 - 14h23
(atualizado às 14h56)
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Ronnie Lessa deu depoimento ao STF nesta terça-feira, 27
Ronnie Lessa deu depoimento ao STF nesta terça-feira, 27
Foto: Reprodução

O ex-policial Ronnie Lessa foi ouvido pela segunda vez na quarta-feira, 28, em sessão virtual pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é réu confesso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018. No depoimento, ele afirmou que acredita que tentaram incriminar o ex-marido da vereadora pelo assassinato.

"Nós fomos sacaneados nisso. Falaram para gente que ela morava lá, mas ela não morava mais lá. Aí a gente faz uma matemática muito simples: iam culpar o ex-marido, um crime passional. Eu não estaria preso, muito menos os mandantes", disse

Segundo ele, havia uma insistêcia para que Marielle fosse executada no endereço em que morou com o ex-marido, Eduardo Alves, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, fazia parte de um plano para que a polícia entendesse o crime como passional. A prática de 'incriminar inocentes', de acordo com o réu confesso, era 'comum' na Delegacia de Homicídios, na época em que o delegado Rivaldo Barbosa estava à frente da especializada.

"Marielle não morava lá, então, o que ele [Rivaldo] estava esperando era a oportunidade perfeita para embuchar (incriminar) o cara certo, que seria o ex-marido dela. Porque, se ela sai da casa dele ali e morre, quem matou foi o ex-marido, pô! Então, você incrimina só um cara. Eles incriminam políticos! Não tentaram empurrar no Marcelo Siciliano [ex-vereador, primeiro investigado pela DH como mandante da morte de Marielle]?", detalhou.

Lessa pediu ainda para depor sem a presença dos irmãos Brazão, deputado federal, e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do estado. A solicitação foi atendida pela corte.

Em outro trecho, Lessa afirmou que cometeu o crime por ganância, já que foram prometidos R$ 25 milhões como recompensa. “Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar. Era o preço pela morte da vereadora que seria o valor dos terrenos”, declarou.

Por que Marielle foi morta?

As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. 

A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA --Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua grande parte dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares. 

*Com informações do Correio Braziliense e do O Globo.

Fonte: Redação Terra
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