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Vereador preso por esquema de fraudes a licitações ligadas ao PCC admite Pix mensais de R$ 5 mil

Em depoimento ao MP-SP, Ricardo Queixão (PSD) disse que vai renunciar ao cargo se for solto: ‘Não quero mais saber disso’

27 abr 2024 - 09h46
(atualizado às 09h53)
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Foto: MPSP

Vereador de Cubatão (SP) e ex-presidente da Câmara Municipal da cidade, Ricardo Queixão (PSD) confessou, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que recebia pagamentos mensais no valor de R$ 5 mil de um empresário que mantinha contratos com o Poder Legislativo municipal. O parlamentar foi preso em 16 de abril durante a Operação Munditia, que investiga um esquema de fraudes em licitações que beneficiava empresas associadas ao PCC.

Durante audiência realizada na terça-feira, cujas imagens foram obtidas pelo jornal O Globo, o vereador admitiu que recebia um pagamento mensal de "ajuda" do empresário Vagner Borges Dias, apontado como o principal envolvido no esquema criminoso. Dias segue foragido. 

De acordo com Queixão, os pagamentos eram realizados por meio de transferências via Pix como contrapartida pelo seu "trabalho político" e apoio a um candidato a deputado federal indicado pelo empresário.

"O Vagner, eu encontrei ele (sic), se não me engano, em 2020, atrás da Câmara. Ele me abordou e veio falar para mim que queria fazer um trabalho político em Cubatão. Peguei o contato e tudo e depois que passou, doutor, aí ele veio firmar comigo porque… é assim, a gente quando ganha eleição, doutor, a gente firma muito compromisso. E depois a gente não consegue cumprir. As pessoas ficam desempregadas e eu tive que ajudar essas pessoas. Aí o compromisso dele foi, para quando, lá na frente, ele precisar apoiar um deputado, eu apoiar ele. Pela força política que eu tinha em Cubatão, né. Aí todo mês ele me dava essa verba para mim poder (sic) ajudar as pessoas, para poder fazer o trabalho político em Cubatão, para apoiar um deputado", disse.

‘Não quero mais saber disso’

"Quero mais saber de política não. Foi uma porcaria na minha vida. Saindo daqui eu vou renunciar ao meu cargo, doutor. Não quero mais saber disso porque eu nunca passei por essa situação, não. Nunca. Poxa, eu tenho família, fico pensando na minha mãe e minhas filhas, doutor. (...) Infelizmente, eu peço desculpas, doutor", desabafou ainda.

Nas conversas obtidas pelos investigadores após a quebra do sigilo telemático, mensagens enviadas de um número que Queixão confirmou ter sido dele mostram cobranças do vereador a Vagner. “Bom dia, meu brother. Esquece de mim não”, enviou o legislador em novembro de 2020. Dias antes da virada daquele ano, Queixão voltou a enviar uma mensagem: “Vê se consegue agilizar pra mim. Eu tenho que comprar o terno pra posse e agilizar outras coisas para minha presidência”.

Em seguida, veio a resposta por meio de áudio. "Só vai dar pra fazer ano que vem (...) fiquei apertado, entendeu? Mas, eu vou te ajudar, já que é pra empossar o homem. Já vamos começar a ir na Câmara juntos". 

Na quinta-feira, Queixão foi formalmente acusado pelo MP-SP, juntamente com outras seis pessoas, de fazerem parte de uma organização criminosa.

Em outras duas denúncias, mais dez pessoas foram acusados de participação no esquema, que teria movimentado R$ 200 milhões em contratos públicos. Embora a prisão temporária do vereador estivesse programada para expirar também na quinta-feira, foi convertida em prisão preventiva, sem um prazo definido para terminar.

Fonte: Redação Terra
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