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Kim e Trump: sessão de fotos ou cúpula do século?

11 jun 2018 - 11h46
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Expectativas para reunião em Cingapura são as mais díspares, mas sinais diplomáticos recentes sugerem que a primeira cúpula Coreia do Norte-EUA terá resultados - pelo menos no curto prazo.Ao desembarcar de seu avião da Air China no aeroporto de Cingapura, neste domingo (10/06) às 14h45m, Kim Jong-un foi recebido euforicamente, com um aperto de mão, pelo ministro do Exterior Vivian Balakrishnan. Ele vestia túnica escura no estilo maoísta, óculos marrons de armação grossa e seu inconfundível penteado hipster.

Garçonete de restaurante em Cingapura mostra hambúrguer especial criado por ocasião do encontro Kim-Trump
Garçonete de restaurante em Cingapura mostra hambúrguer especial criado por ocasião do encontro Kim-Trump
Foto: DW / Deutsche Welle

Acima de tudo, porém, o ditador de 34 anos tinha um largo sorriso no rosto. Só o fato de vir para um encontro com o presidente americano, Donald Trump, já é um sonho há muito acalentado por Kim. Seu avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte, já almejava negociar em pé de igualdade com Washington.

Trump também aterrissou de bom humor no Estado insular do sul da Ásia: "É excelente estar em Cingapura! Sinto no ar a empolgação", tuitou já do aeroporto. Questionado por um repórter sobre como se sentia, respondeu com um "Muito bem!". Ao que a agência de notícias sul-coreana Yonhap reagiu: "Aumentam as expectativas de sucesso".

Isso também parece confortar o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que nesta segunda-feira, descreveu a cúpula como o "encontro do século". Ele espera que seja "um marco histórico no caminho para a paz" e que um "acordo significativo" seja alcançado, tanto no tocante à desnuclearização quanto ao término oficial da Guerra da Coreia. Jáo desarmamento da Coreia do Norte, ressalvou, é um "processo de anos", do qual a cúpula só poderá ser um preâmbulo.

Na manhã de terça-feira, os dois chefes de Estado se encontrarão no Hotel Capella. Coincidência ou não, bem ao lado do local da conferência foi erguido um parque de diversões com uma montanha-russa de tirar o fôlego - uma metáfora bem adequada para o vai e vem que antecedeu a cúpula.

O fracasso de Trump na conferência do G7, no Canadá, tampouco contribuiu para aumentar a credibilidade do presidente dos Estados Unidos, afinal, apenas algumas semanas atrás e sem nenhuma justificativa, ele se retirou do acordo com o Irã. Segundo Larry Kudlow, o principal assessor econômico de Washington, Trump retirou sua aprovação da declaração final do G7 principalmente para não mostrar fraqueza às vésperas da cúpula com a Coreia do Norte.

No fundo, almas gêmeas?

Apesar de toda a animosidade, quase parece que o presidente dos EUA desdenha seus aliados diplomáticos tradicionais, mas tem sintonia com Kim Jong-un. Para Sebastian Faletti, correspondente veterano em Seul que publicou recentemente um perfil de Kim, isso se justifica, entre outras coisas, por um paralelo biográfico: ambos são segundos filhos, nenhum foi originalmente destinado à sucessão familiar. Ambos tiveram que se firmar num negócio difícil: Trump como magnata imobiliário em Nova York; Kim nos velhos escalões do partido, em Pyongyang.

Não há dúvida que um acordo histórico com o "Estado renegado" da Coreia do Norte também inflaria seu enorme ego. Kim igualmente tem forte interesse em que ambas as partes mantenham as aparências. Se a coisa acabar em escândalo, Washington sem dúvida voltará à retórica bélica de 2017.

Kim já provou que não é da mesma estirpe de seus predecessores. Em relação à sua elite, ele é tido como extremamente brutal - afinal de contas mandou executar tanto o tio Jang Seong-thaek quanto o meio irmão Kim Jong-nam, na mais radical onda de "faxina política" já vista desde os anos 60.

Por outro lado, no entanto, ele abriu o país do ponto de vista econômico, de início tolerando e por fim promovendo movimentos de economia de mercado entre o povo. Sob sua égide, o número de presos políticos caiu pela metade, para cerca de 100 mil.

Em público, sobretudo, o déspota se comporta com extrema mansidão: em 27 de abril, no primeiro encontro intercoreano com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, ele praticamente mudou sua percepção do regime num piscar de olhos, com seu jeito bem-humorado.

No entanto, é claro que um dos conflitos mais perigosos do mundo não depende de gestos simbólicos de relações públicas. Críticos duvidam desde já que a cúpula de Cingapura vá mais além do que uma mera oportunidade para fotos conjuntas. Segundo a agência de notícias Reuters, cinco horas após o histórico aperto de mão agendado com Trump, o avião de Kim Jong-un já está programado para partir para Pyongyang.

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