Lira sobre ex-assessor alvo de operação da PF: "Cada um é responsável por seu CPF"
Investigação apura desvio de R$ 8 milhões do FNDE em aquisições de kits de robótica em Alagoas, estado do presidente da Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) afirmou não se sentir atingido pela operação da Polícia Federal desta quinta-feira, 1º, que teve como um dos alvos um ex-assessor do parlamentar. As declarações foram dadas durante entrevista ao Estúdio i, da GloboNews.
“Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber informações mais precisas, e cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país”, disse Lira.
A operação tem como objetivo investigar uma fraude na aquisição de kits de robótica para escolas em mais de 40 municípios de Alagoas no período de 2019 a 2022. De acordo com a Polícia, um grupo organizou um esquema em que uma empresa ganhava as licitações e desviava aproximadamente R$ 8 milhões.
Luciano Ferreira Cavalcante, que anteriormente trabalhou como funcionário do ex-senador Benedito de Lira (PP-AL), foi nomeado assessor da liderança do PP na Câmara dos Deputados em 2017, durante o período em que Arthur Lira ocupava o cargo. Ele é um dos alvos da investigação.
Operação
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 1, a Operação Hefesto para aprofundar a investigação sobre um esquema de fraudes em licitações de 43 municípios de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores que o rombo nos cofres públicos pode ser maior.
Os policiais fazem buscas em 27 endereços ligados aos investigados - 16 em Maceió (AL), oito em Brasília (DF), um em Gravatá (PE), um em São Carlos (SP) e um em Goiânia (GO). Duas pessoas também são alvo de mandados de prisão temporária em Brasília. As ordens judiciais foram expedidas pela 2.ª Vara Federal de Alagoas.
A PF afirma que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassado pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.
"As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes", informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).
A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens dos investigados e a suspensão de processos licitatórios e contratos administrativos celebrados entre a empresa fornecedora investigada e os municípios alagoanos que receberam recursos do FNDE para aquisições de equipamentos de robótica.