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Livro aborda a recorrência da Síndrome de Burnout na área da saúde

Distúrbio foi mencionado na literatura médica pela primeira vez em 1974, pelo psicólogo estadunidense Herbert J. Freudenberger; para escritor e médico Gicélio Nóbrega, distúrbio atinge grande parte dos profissionais do setor

22 jun 2022 - 16h40
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Também conhecida como "doença do esgotamento profissional", a Síndrome de Burnout passou a ser considerada, desde o dia 1º de janeiro deste ano, dentro da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), como doença ocupacional. 

Foto: DINO / DINO

Definido como um desgaste que prejudica os aspectos físicos e emocionais da pessoa, levando a um esgotamento profissional, o distúrbio foi mencionado na literatura médica pela primeira vez em 1974, quando o psicólogo estadunidense Herbert J. Freudenberger descreveu os sintomas que ele e seus colegas da área médica estavam enfrentando. 

De acordo com um estudo realizado pela Isma (International Stress Management Association - Associação Internacional de Gestão de Stress, em tradução livre) em 2019, mais de 33 milhões de brasileiros estavam, à época, acometidos pelo distúrbio. 

Profissionais da área da saúde, um dos mais atingidos pela doença, sobretudo em tempos de crise sanitária decorrente da pandemia de Covid-19, tem sofrido com o desgaste mental e emocional, que, muitas vezes, cobram suas próprias vidas - uma estimativa da American Foundation for Suicide Prevention indica que, em média, 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano em todo o mundo.

A rotina de superação e de jornadas extenuantes de trabalho de profissionais da saúde pode ser acompanhada em "O carrossel não para", obra de estreia do generalista e escritor Gicélio Nóbrega. O livro aborda o cotidiano do médico e outros profissionais de saúde que atuam sob sobrecarga emocional e física que os levam a limites extremos de exaustão.

Estão expostos ali, de acordo com o autor, além de aspectos da Síndrome de Burnout, "conflitos profissionais, plantões desafiadores, crises de ansiedade e os primeiros momentos de uma pandemia global", desvelando "o caráter humano atrás da imagem glamorosa projetada dos médicos" e denunciando a precariedade da estrutura da saúde pública no país. 

A recorrência da Síndrome de Burnout na área médica, segundo Nóbrega, se dá por uma série de fatores: "A sobrecarga de trabalho, a falta de insumos, os salários baixos para a categoria… Tudo isso contribui para que os profissionais de saúde estejam sempre trabalhando no limite", diz.

O cenário crítico, pontua ele, foi agravado pela pandemia de Covid-19. "Tivemos que cobrir plantões desfalcados, pois colegas estavam morrendo, familiares estavam morrendo, as medidas de segurança não foram tomadas à risca, os plantões estavam sempre lotados e havia poucos profissionais habilitados a trabalhar", comenta. 

A falta de valorização de médicos e enfermeiros por parte da sociedade, ademais, é vista com desânimo pelo médico e escritor. "Muitos saíram e fizeram panelaços e bateram palmas para os profissionais que estavam na linha de frente, mas ninguém fez quase nada para dar suporte psicológico aos profissionais".

Carga de trabalho extenuante e ausência de momentos de lazer

Sobre a Síndrome de Burnout, Nóbrega diz lembra que, além dos médicos e enfermeiros, outros profissionais, como jornalistas, advogados, professores, psicólogos, policiais, bombeiros, carcereiros, oficiais de Justiça, assistentes sociais, atendentes de telemarketing, bancários e executivos.

"Esses profissionais acabam se esforçando muito com o trabalho e, várias vezes, se esquecem dos momentos de descontração e relaxamento. É como se a mente dessas pessoas estivesse alerta o tempo todo, fazendo com que se sintam exaustas", afirma o médico generalista.

Muitas vezes também, prossegue, o Burnout está ligado ao fato das pessoas trabalharem em empregos que exigem bastante delas, isso faz com que se tornem exageradamente perfeccionistas. "A cobrança exacerbada de si mesmo, e pelos superiores, acaba impactando de forma negativa na vida pessoal e profissional", diz ele, ressaltando que, no caso de muitas mulheres, há a incidência da chamada "dupla jornada", conciliando o trabalho fora de casa com os cuidados do lar.

Além disso, pessoas que são muito empáticas são mais suscetíveis ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout, pois absorvem toda a carga emocional de terceiros para si, acrescenta o escritor. "A dor do outro acaba fazendo com que elas se preocupem excessivamente e sobrecarreguem o seu emocional", diz. 

Os sintomas mais comuns da Síndrome de Burnout, de acordo com um informe do CFM (Conselho Federal de Medicina), são: distúrbios do sono, dores musculares e de cabeça, irritabilidade, alterações de humor, falhas de memória, dificuldade de concentração, falta de apetite, agressividade, isolamento, depressão, pessimismo e baixa autoestima, sentimento de apatia e desesperança, irritabilidade exagerada, perda de prazer e maior suscetibilidade a doenças.

"A Síndrome de Burnout acaba sendo confundida, muitas vezes, com outros problemas emocionais, isso porque os seus sintomas também estão presentes em outras patologias mentais", diz. "Por isso é necessário prestar atenção em muitos detalhes, sendo que o diagnóstico só deve ser feito por um profissional", completa.

Para saber mais, basta acessar: https://abre.bio/km6kt4orso

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