Lula discursa após deixar a cadeia: "Querem me criminalizar"
Presidente agradeceu advogados, militantes e membros do PT e criticou a operação Lava Jato: "Lado podre da Justiça"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na tarde desta sexta-feira (8) após sair da prisão em Curitiba (PR), que não pensou que poderia estar fora do cárcere hoje.
"Não tenho dimensão do significado de eu estar aqui junto de vocês. A vida inteira estive conversando com o povo brasileiro, eu não pensei que no dia de hoje, eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias ficaram aqui", afirmou Lula a manifestantes que se aglomeraram na sede da Polícia Federal. "Todo santo dia, vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir".
O ex-presidente ainda agradeceu os advogados e Gleisi Hoffmann, presidente do PT e o candidato da sigla nas últimas eleições presidenciais, Fernando Haddad, entre outros petistas e militantes de esquerda. "Só não venceu por que foi roubado", afirmou Lula. Ele também atacou a Operação Lava Jato. "A lado pobre da Justiça, do Ministério Público e Polícia Federal fez isso comigo. Tentaram criminalizar a esquerda, criminalizar o PT e criminalizar o Lula", afirmou.
À exemplo do presidente Jair Bolsonaro, Lula criticou, além do poder judiciário, a Rede Globo, e disse que a emissora foi uma das responsáveis pelo seu encarceramento. Sobre o capitão da reserva, apenas provocações pontuais, ao dizer que apenas uma pessoa cuidava de suas redes sociais, contra 20 do presidente e ao apresentar um apoiador que chamou de "capitão".
O ex-presidente também apresentou oficialmente a namorada, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. "Consegui a proeza de conseguir uma namorada da cadeia", brincou.
Entenda a soltura do ex-presidente Lula
O juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, determinou, nesta sexta-feira, a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, que estava preso após condenação em segunda instância no âmbito da Lava Jato, se beneficiou da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que réus só podem ser encarcerados após o esgotamento de todos os recursos em votação nesta quinta-feira (7).
O magistrado responsável pela decisão está cobrindo as férias da juíza Carolina Lebbos, que é responsável pela execução penal de Lula. "Observa-se que a presente execução iniciou-se exclusivamente em virtude da confirmação da sentença condenatória em segundo grau, não existindo qualquer outro fundamento fático para o início do cumprimento das penas", argumentou o juiz.
Os advogados do ex-presidente entraram com o pedido de soltura no início da manhã desta sexta-feira com base no novo entendimento do Supremo.
"Em razão de condenação não transitada em julgado e (ii) seu encarceramento não está fundamentado em nenhuma das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, torna-se imperioso dar-se imediato cumprimento à decisão emanada da Suprema Corte", diz a petição.
A defesa do petista disse ainda que vai reiterar o pedido para que o Supremo analise um habeas corpus que busca a nulidade do processo do tríplex em Guarujá (SP), pelo qual Lula está preso, "em virtude da suspeição do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato, dentre inúmeras outras ilegalidades".
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o ex-presidente irá para São Bernardo do Campo (SP) ainda nesta sexta-feira. "Depois de visitar a Vigília, ele irá para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC", escreveu a deputada federal. O ex-presidente deixou a carceragem pouco antes das 18h. Ele encontrou com colegas de PT e militantes e fará um discurso.
Lula foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão no caso do triplex no Guarujá (SP). O ex-presidente teria recebido propinas de empreiteiras através de reformas em um apartamento no litoral de São Paulo.
* Com informações da Agência Estado