Lula diz que Bolsonaro tenta fazer das eleições 'uma guerra'
Em ato em Brasília, ex-presidente pediu que militantes não aceitem provocação para evitar novos episódios de confronto
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira, 12, a escalada da violência política no Brasil e acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar transformar a campanha em uma "guerra". Em ato político em Brasília, três dias depois de o guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, ser assassinado pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, Lula pediu que os militantes não aceitem provocação para evitar novos episódios de confronto.
"Estão tentando fazer das campanhas eleitorais uma guerra", disse o ex-presidente, ao destacar que a sociedade precisa perceber "o que está em jogo" nessa campanha. "Não precisamos brigar. Nossa arma é nossa tranquilidade, o amor que temos dentro de nós, a sede que nós temos de melhorar a vida do povo brasileiro." Ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice em sua chapa, Lula foi taxativo: "Se alguém provocar vocês, mande ele morder o próprio rabo e não brigue. Volte para casa para cuidar da família."
Diante de uma plateia formada por petistas e aliados de outros partidos, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o ex-presidente chamou Bolsonaro de "pessoa do mal" e disse que ele não é humano. "Esse cidadão não tem massa encefálica boa na sua cabeça. Esse cidadão não é humano e se cerca de pessoas iguais, ou pior do que ele", afirmou.
Na entrada do ato, seguranças revistavam os apoiadores. A entrada com bandeiras e objetos pontiagudos foi proibida. Todos ali passavam por detectores de metais. A organização do evento tomou essas medidas de precaução para evitar novos episódios de violência.
Lula afirmou que não presenciou "nenhum sinal de violência em campanhas passadas" e disse nunca ter tratado adversários como inimigos. "Eu já disputei muitas eleições e nunca deixei de cumprimentar um adversário antes, durante e depois das eleições. Nunca cultuei fazer inimigos (...). Mesmo quando perdi do Collor, não teve encrenca", observou ele, numa alusão ao ex-presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTB.
Alckmin discursou antes do petista e enumerou os episódios recentes de violência envolvendo a pré-campanha do PT. "Quando alguém invade uma festa e mata outro por intolerância, quando com drone joga veneno sobre o povo, quando atiram bomba na multidão, como foi no Rio de Janeiro, o Brasil precisa mudar. Não é possível continuar esse estado de coisas. Não à ditadura, não ao ódio, sim à paz, sim ao amor", afirmou Alckmin.
Banqueiros e PEC
Antes do ato público, Lula e Alckmin estiveram na Confederação Nacional do Comércio (CNC). O ex-presidente disse que, se for eleito, tratará os empresários "com carinho". Ele recebeu uma agenda de propostas para o setor.
"Todo respeito pela Faria Lima, todo respeito pelos banqueiros, mas eles têm que saber que eu quero voto é da Samambaia (região administrativa de Brasília), eu quero voto é do povo trabalhador desse País", declarou Lula em seguida, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. "Não vou ficar disputando jantares e almoços para tentar conquistar um voto. Eu quero é o voto do povo trabalhador."
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta o Auxílio Brasil para R$ 600, mas apenas até o fim do ano, foi criticada por Lula. "É como se fosse um vale sorvete: você pega, coloca na boca, chupa e acaba, fica com o palito", disse o petista. "Dinheiro na conta a gente vai pegar, mas o nosso voto ele não vai ter", repetiu.
Urnas eletrônicas
Aplaudido pelos apoiadores, o ex-presidente ironizou Bolsonaro pelos ataques à lisura do processo eleitoral. Para o petista, os questionamentos do chefe do Executivo ocorrem porque ele sabe que não terá um segundo mandato. "Essa figura (Bolsonaro) foi eleita por 28 anos pela urna. Ele desconfia que povo não é bobo e não vai votar mais nele", provocou.
Lula disse estar "mais exigente" e afirmou querer que a população tenha acesso a mais do que obteve nos governos anteriores do PT. "Quero voltar e agora não quero apenas que as pessoas tomem café, almocem e jantem. Quero que as pessoas tenham direito de estudar na universidade, tenham emprego decente (...) Quero que as pessoas viagem mais de aviões em seus Estados, quero que os aeroportos virem rodoviárias, cheio de pobres andando", insistiu.