'Lula não sobe a rampa': veja mais frases que revelam tentativa de golpe
"Lula não sobe a rampa", foi uma das frases citadas, atribuída ao general Braga Netto, que constam no relatório da Polícia Federal (PF) sobre investigação de um plano golpista. O relatório, com mais de 800 páginas, desvendou uma trama complexa envolvendo figuras do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A investigação examina uma tentativa de frustrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023. O documento posiciona Bolsonaro como um dos planejadores principais dessa operação, junto a outras 36 pessoas indiciadas.
Frases do relatório da PF
Além da frase que teria sido dita por Braga Netto, outras estão no relatório elaborado.
- "Em 64 não precisou assinar nada", escrita por Mauro Cid;
- "Rasgaram o documento que o 01 assinou", durante uma troca de mensagens entre Mauro Cid e Sérgio Cavalieri, a PF fez capturas de tela de conversas com um interlocutor chamado "Riva". O "01" era um apelido para se referir ao ex-presidente Bolsonaro.
- "Tinham tanques no arsenal prontos", atribuíada ao interlocutor Riva;
- "Já passou a hora de Bolsonaro fazer alguma coisa", frase dio coronel do Exército Fabrício Moreira de Bastos;
- "Fomos covardes", frase do tenente-coronel Sergio Medeiros.
O relatório já foi encaminhado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para a Procuradoria-Geral da República. Cabe agora à Procuradoria decidir se apresentará ou não uma denúncia formal contra as partes envolvidas. O foco está em evitar uma ruptura institucional após a derrota eleitoral de Bolsonaro.
Como foi planejado o golpe?
O plano, chamado de "Operação 142", baseava-se numa interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição Federal, que define o papel das Forças Armadas. Documentos encontrados no Partido Liberal, na posse de Flávio Botelho, assessor de Braga Netto, sugerem que havia uma intenção clara de impedir que Lula tomasse posse, simbolicamente representado por sua não subida "à rampa" do Palácio do Planalto.
Discussões entre os indiciados faziam frequentemente referência ao golpe militar de 1964, sugerindo um desejo de recriar uma situação semelhante. Entretanto, as investigações apontam que houve resistência entre os militares do Alto Comando, configurando um dos principais entraves para a realização do plano.
Qual foi a reação dos militares?
De acordo com as investigações, o apoio esperado do Alto Comando das Forças Armadas não se consolidou. Mensagens obtidas evidenciam que certos documentos, possivelmente decretos golpistas, foram destruídos por militares que não apoiavam a iniciativa. Conversas entre Mauro Cid e Sérgio Cavalieri mostram detalhes dessa resistência.
Apesar de algumas partes, como o almirante Almir Garnier da Marinha, indicarem apoio ao plano, a hesitação dos oficiais superiores foi um fator crucial que minou a execução das ações propostas pelos arquitetos da tentativa de golpe.
Lista de indiciados na investigação que apurou golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito: https://t.co/oZWbvK2JEZ
— Polícia Federal (@policiafederal) November 21, 2024