Maduro anuncia venda de gasolina a preço internacional
Presidente condiciona subsídio do combustível a carnê e censo do governo, que oposição considera ferramentas de controle social e político. Objetivo da nova política seria combater contrabando para Colômbia e Caribe.O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira (13/08) mudanças no subsídio do governo sobre a gasolina, considerada a mais barata do mundo, como parte de uma série de medidas para tentar recuperar a economia do país.
A venda pelo preço subsidiado da gasolina será mantida para todos os que tiverem o Carnê da Pátria, censo criado no ano passado e no qual se inscreveram 17 mil pessoas. O carnê controla o acesso a alimentos subsidiados, medicamentos, hospitais, ensino público e benefícios sociais.
Também poderão continuar comprando o combustível pelo valor subsidiado os venezuelanos terão que se registrar até esta sexta-feira no Censo de Transporte, criticado pela oposição como uma ferramenta de controle social e político. Quem não se cadastrar terá que pagar preço internacional.
A alteração da política de subsídio da gasolina visa controlar o contrabando para ilhas do Caribe e a Colômbia, disse Maduro, acrescentando que a Venezuela perde 18 bilhões de dólares anualmente no tráfico ilegal de combustíveis para o país vizinho.
"Espero que em dois anos tenhamos consertado a deformidade que se criou por muitos anos: a gasolina era dada de presente", afirmou Maduro. "Essa é uma anomalia muito grande, já criei o sistema para evitá-la e aspiro que funcione."
O preço médio do litro da gasolina na Colômbia, de cerca de 1 dólar, é o suficiente para encher os tanques de 700 veículos na Venezuela.
O preço da gasolina na Venezuela não sofre mudanças desde 2016, quando Maduro o fixou em seis bolívares por litro. Desde então, a depreciação do bolívar acabou convertendo o valor em uma quantia ínfima.
Maduro advertiu que, caso a oposição se atreva a sabotar o novo preço da gasolina, "vai se arrepender de ter nascido". Opositores consideraram os censos do governo discriminatórios e pediram que os cidadãos não se inscrevessem.
Plano de recuperação
Em 20 de agosto, entra em vigor o novo plano de recuperação econômica de Maduro, com a segunda reconversão monetária em dez anos. Uma nova família de notas, o bolívar soberano, passará a circular, cortando cinco zeros da moeda nacional.
A nova moeda coexistirá com o atual bolívar forte. Enquanto o bolívar soberano será usado para pagar transações maiores, o bolívar forte será destinado para pequenas despesas. Maduro espera que o plano ajude a recuperar a economia do país, assolada pela hiperinflação e recessão, em dois anos.
O anúncio do plano econômico foi feito após o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertar que a inflação anual venezuelana pode chegar a 1 milhão por cento neste ano.
O bolívar soberano ficará será indexado à criptomoeda estatal petro, lançada em dezembro passado para driblar as sanções financeiras de Washington.
PJ/dpa/efe
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