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Maia antecipa a deputados R$ 17 mi de auxílio-mudança

Candidato à reeleição, presidente da Câmara pagou o benefício para 505 parlamentares em dezembro, um mês antes do previsto

5 jan 2019 - 05h11
(atualizado às 11h37)
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BRASÍLIA - Em campanha pela reeleição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), antecipou o pagamento de auxílio-mudança aos deputados. O benefício, equivalente a um salário - R$ 33,7 mil -, é tradicionalmente pago ao fim do mandato, que acaba em 31 de janeiro, mas foi depositado no dia 28 de dezembro na conta dos parlamentares.

Ao todo, 505 deputados receberam o benefício, o que totalizou R$ 17 milhões em despesas. Segundo a assessoria da Câmara, quatro dos 513 parlamentares abriram mão - Major Olímpio (PSL-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Bohn Gass (PT-RS) e Heitor Schuch (PSB-RS). A assessoria, porém, não soube informar o motivo de outros quatro também não terem recebido.

Além do auxílio, deputados receberam em dezembro a segunda parcela do 13º, o que, somado ao salário, levou a remuneração do mês a R$ 84,2 mil.

Presidente da Casa desde 2016, Maia tenta se manter no cargo. Ele vai disputar a reeleição em 1º de fevereiro, quando a Câmara iniciará a nova legislatura. Nesta semana, conseguiu o apoio do PSL, após prometer à legenda o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. Partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL elegeu 52 deputados.

O auxílio-mudança é pago no início e no fim de cada legislatura como ajuda de custo. Os parlamentares do Distrito Federal e os reeleitos também recebem o benefício.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante sessão da Casa
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante sessão da Casa
Foto: Adriano Machado / Reuters

Orçamento

Procurado por meio de assessoria, Maia não se pronunciou sobre o assunto. A Câmara informou, em nota, que a antecipação do pagamento do auxílio-mudança foi motivada pela disponibilidade financeira. Segundo o órgão, houve economia de recursos ao longo de 2018.

A Casa informou que em 2019 haverá uma pressão orçamentária maior em razão de gastos sazonais - como o pagamento de direitos trabalhistas a um número significativo de secretários parlamentares que deverão ser exonerados com a mudança da composição da Câmara -, da própria ajuda de custo relativa ao início do mandato que será paga aos novos deputados, do aumento do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal - que eleva o teto do funcionalismo público - e do reajuste de 4,5% da remuneração dos servidores legislativos.

"Diante desse cenário, a antecipação do pagamento da ajuda de custo devida aos deputados ao fim do mandato visou à boa gestão orçamentária e financeira, de modo a garantir uma margem de segurança para o cumprimento da emenda constitucional do teto de gastos", diz a nota da Câmara.

Suplentes

Conforme o Estado mostrou na semana passada, a Câmara ainda deverá pagar o auxílio-mudança a suplentes que podem assumir o mandato pela primeira vez na legislatura no lugar de parlamentares que renunciaram para ocupar cargos no Executivo.

No total, os suplentes poderão acumular até R$ 72 mil - o salário e mais auxílios - para ficar menos de um mês no posto. No período, o Congresso estará em recesso e não há atividades previstas, como votações.

Nesta semana, cinco suplentes assumiram pela primeira vez o mandato. O grupo de novos parlamentares poderá ficar no cargo até 31 de janeiro, quando terão de ceder lugar aos deputados eleitos em outubro.

O ex-vereador de Campo Grande Ademar Vieira Junior, chamado de Junior Coringa (PSD-MS), assumiu a cadeira deixada pelo agora ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), no dia 2. Coringa, no entanto, protocolou um pedido de renúncia do benefício e publicou o documento em suas redes sociais. "Torço para que os próximos legisladores repensem nos gastos destas cifras que podem ser revertidas à saúde, educação e tantas outras áreas que carecem de investimento", escreveu.

Uma vez empossados, os suplentes terão direito também à cota parlamentar - o valor da cota varia de R$ 30,7 mil a R$ 45,6 mil dependendo do Estado de origem do parlamentar - para gastos com passagem aérea, com funcionários e demais custos do gabinete neste mês. De acordo com a Câmara, os critérios de concessão do benefício do auxílio-mudança estão sendo reavaliados, "a fim de torná-los mais claros e restritivos".

Pelo menos 4 partidos já fecharam apoio à reeleição

Dos 28 partidos que participam da próxima legislatura da Câmara dos Deputados, pelo menos quatro já oficializaram seu apoio à recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa. Depois que PSL - partido do presidente Jair Bolsonaro -, PRB e PSD formalizaram a preferência, o PPS, que elegeu oito parlamentares na Casa, também entrou para o grupo. Essas legendas e o DEM somam 153 dos 513 deputados.

Nesta sexta-feira, 4, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que apoia a recondução de Maia e que a bancada federal do partido deve seguir essa tendência majoritariamente. Caso o apoio do PSDB se concretize e se os deputados forem fiéis às orientações de suas lideranças partidárias, o número sobe para 182.

Em nota, o líder do PPS na Câmara, deputado Alex Manente (SP), disse que Maia possui todos os atributos para conduzir os trabalhos do Parlamento. "Ele assumiu a presidência da Câmara em um momento delicado, com a autorização do processo de impeachment de Dilma (Rousseff) pela Casa e substituindo Eduardo Cunha. É equilibrado e possui todos os requisitos para continuar no comando da Câmara dos Deputados."

Com estes apoios, Maia tem praticamente lugar garantido no segundo turno da disputa. Nesta semana, o candidato do PRB, João Campos (GO), desistiu da candidatura depois que seu partido decidiu apoiar Maia. Seguem no pleito Fabio Ramalho (MDB-MG), Alceu Moreira (MDB-RS), João Henrique Caldas (PSDB-AL) e Capitão Augusto (PR-SP).

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