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Maia: entorno do governo tem estrutura para bombar fake news

A nove dias das manifestações convocadas por grupos e lideranças bolsonaristas, presidente da Câmara sobre o tom nas críticas ao Executivo

6 mar 2020 - 13h28
(atualizado às 14h03)
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A nove dias das manifestações convocadas por grupos e lideranças bolsonaristas contra o que chamam de "parlamentarismo branco" do Congresso Nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) subiu o tom nas críticas ao Executivo em palestra realizada nessa sexta-feira, 6, na Fundação Fernando Henrique Cardoso, na capital paulista. Segundo o parlamentar, o "entorno do governo" age para atacar as instituições nas redes sociais.

"Não queremos um milímetro do que é responsabilidade do Executivo, mas queremos que as prerrogativas parlamentares do Congresso Nacional sejam respeitadas. Cria-se conflitos onde não existe em um País com 11 milhões de desempregados. Não podemos discutir uma coisa criada para viralizar o ódio, que é essa questão de parlamentarismo branco. Essas teses são criadas para arranjar alvos para que os presidentes da Câmara, Senado e Supremo sejam atacados. Isso só atrasa as soluções", disse Maia em entrevista coletiva após sua palestra.

O presidente da Câmara foi além: "Não temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas últimas semanas. Desde o início o entorno governo tem operado uma estratégia nas redes sociais para criar as instituições como inimigos da sociedade, o que não é verdade"

Sobre os motivos da convocação para os atos, Maia citou como exemplo o "parlamentarismo branco". "Essas teses são criadas para que o Congresso, o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo sejam atacados", afirmou. "Eu sou contra o parlamentarismo. O Parlamento precisa dar muitos passos para recuperar a credibilidade", disse Maia.

No início de sua fala, o deputado falou sobre a CPI das Fake News e disse que a tecnologia virou um campo de ataque às pessoas. "Nada disso custa pouco. Um robô custa U$ 12 por mês".

Alvo - Mesmo após o acordo entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Congresso que resultou na manutenção aos vetos ao orçamento impositivo e definiu uma nova partilha do orçamento, lideranças e deputados bolsonaristas mantiveram os atos e o tom agressivo contra o Congresso.

"Eles inventam essas matérias para poder ter alvo. Transformam temas falsos em verdades nas redes sociais para gerar um inimigo contra o governo, como se a gente quisesse tirar as prerrogativas do presidente da República. De forma alguma", disse o parlamentar.

 Rodrigo Maia durante sessão na Câmara 10/7/2019 REUTERS/Adriano Machado
Rodrigo Maia durante sessão na Câmara 10/7/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Maia também criticou diretamente o General Augusto Heleno, chefe do gabinete da Segurança Institucional, que a acusou o Congresso de chantagear o Executivo. Foi após a declaração que os atos ganharam força nas redes sociais. Segundo o deputado, Heleno deveria ser o "ministro do equilíbrio", mas se tornou o ministro do desequilíbrio".

O anúncio do PIB pelo IBGE de crescimento 1,1% também foi alvo de Maia. "O governo prometeu muito não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%".

Apesar das críticas, Maia disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é um "ponto de equilíbrio". Mesmo assim, o presidente da Câmara insinuou que Guedes tentou jogar a culpa pela demora na aprovação das reformas no parlamento. "O ministro Paulo Guedes disse que temos 15 semanas. Lógico, já que eles perderam o ano passado inteiro".

Durante sua palestra, o presidente da Câmara também criticou o ministro da Educação, Abrahan Weintraub. "É ruim um ministério daquela importância ser tratado de forma ideológica". O evento começou com a apresentação de um vídeo da Fundação Fernando Henrique Cardoso que criticou a "onda global de governos autoritários" e pediu "respeito às divergências. Política não é guerra".

Em seguida, FHC disse que o Brasil está em um "imbróglio" e que o País está "sem rumo". "Quando o presidente não exerce o poder político, outras forças exercem".

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