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Manifestantes em São Paulo defendem reforma da Previdência e criticam STF e Maia

Presidente da Câmara dos Deputados foi um dos alvos principais do ato na Avenida Paulista, como símbolo do Centrão; parlamentares do PSL lideraram o ato nos carros de som

26 mai 2019 - 18h37
(atualizado às 22h28)
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Convocada pelas redes sociais, a manifestação em defesa do presidente Jair Bolsonaro reuniu milhares de pessoas neste domingo, 26, na Avenida Paulista, em São Paulo, e foi marcada por ataques ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Faixas e cartazes replicados pela avenida exibiam uma pauta bem combinada para as manifestações: defesa da reforma da Previdência, da Medida Provisória 870 (Reforma Administrativa), do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e da CPI Lava Toga, para investigar ministros do STF.

O número de manifestantes foi visivelmente menor do que nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas a Polícia Militar não fez estimativas. O maior foco de concentração de público foi no trecho entre a Rua Peixoto Gomide e a FIESP.

Estacionado na esquina da Avenida Paulista com a Peixoto Gomide, o caminhão do movimento Nas Ruas foi o ponto de encontro dos políticos presentes, a maioria do PSL, e também o principal foco de aglomeração de manifestantes. Eles se concentraram ao redor de sete carros de som espalhados por oito quarteirões da Paulista, entre a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e a Rua Augusta.

O grupo Nas Ruas ocupou o espaço que nas manifestações de 2014 foi do Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua. As duas organizações optaram dessa vez em não apoiar o movimento em defesa de Jair Bolsonaro.

O Nas Ruas levou um boneco inflável gigante do presidente Jair Bolsonaro e tocou seu jingle de campanha. Os parlamentares presentes minimizaram as palavras de ordem mais radicais que pregavam o fechamento do Congresso e intervenção no STF.

"A pauta oficial é reforma (da Previdência) já e defesa do pacote do Moro, mas cada grupo traz a sua pauta. A pauta extra é de cada grupo. Não podemos controlar", disse ao Estado o deputado federal Felipe Barros (PSL-PR).

Fundadora do Nas Ruas, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) fez o discurso mais longo e uma brincadeira com o público.

Ela citava nomes e media a reação dos manifestantes. O deputado Orlando Silva (PcdoB-SP) e a deputada Maria do Rosário (PT-SP) receberam as maiores vaias. Moro foi ovacionado e o nome de Alexandre Frota, deputado federal do PSL, não gerou reações.

Ao ouvir vaias para Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, Zambelli contemporizou no microfone e disse que ele será o responsável pela aprovação das reformas.

"Nosso papel na Câmara é diferente do papel de vocês nas ruas. Vocês vão entender isso. Dói não poder falar o que a gente pensa", disse a deputada em seu discurso.

Maia, aliás, foi alvo de críticas furiosas dos manifestantes, que levaram faixas e cartazes ofensivos a ele. Um grupo levou um cartaz com a foto do deputado e a inscrição: "Chileno Traidor".

"Rodrigo Maia prevarica quando não atua. É dever dele votar o impeachment do Gilmar Mendes (ministro do STF). Os políticos do centrão estão acostumados a trocar voto por verba", disse a advogada Luiza Rayol, 66, líder do movimento 'Fiscais da Nação', que levou um carro de som para a Avenida Paulista.

Em discurso em cima de um carro de som na Avenida Paulista, o senador Major Olímpio (PSL-SP) disse que as manifestações de apoio ao governo Jair Bolsonaro realizadas pelo País revelam quem é mesmo aliado do presidente da República.

"Na campanha eleitoral, quando Bolsonaro estava na crista da onda e perto de ser eleito, tinha gente se estapeando para tirar selfie com ele", disse Major Olímpio em cima do carro do som do movimento Revoltados Online. "Hoje nós sabemos quem são os verdadeiros aliados de Bolsonaro", afirmou o senador.

Ele usou uma bordão que uniu todos os discursos feitos nesse domingo na Avenida Paulista: "Com Bolsonaro vai acabar o toma lá, dá cá", afirmou.

Família Real. A manifestação desse domingo também registrou a presença de grupos com demandas próprias e discurso conservador.

Os descendentes da família Real pregavam a restauração da monarquia, enquanto a TFP (Tradição Família e Propriedade), organização ultra conservadora ligada à Igreja Católica, defendia os valores cristãos.

D.Bertrand Orleans e Bragança, segundo imperador na linha sucessória da família real, chamou o PT de "seita vermelha marxista" e disse que Bolsonaro é uma etapa antes da restauração da monarquia.

"D.Pedro foi o maior período de estabilidade institucional do Brasil. Defendemos que a eleição do Bolsonaro é uma etapa para a retomada das vias históricas", afirmou.

Deputado federal eleito pelo PSL, Luiz Philippe Orléans e Bragança, sobrinho de Bertrand, disse que o parlamentarismo será a etapa anterior a restauração da monarquia. "A restauração da monarquia vem depois do parlamentarismo", afirmou.

Um dos presentes no caminhão do "Nas Ruas", o deputado reforçou as críticas ao centrão. "O centrão tem falsas lideranças vazias. É preciso um novo bloco governista", disse ele ao Estado.

Estadão
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