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Manifesto em defesa da democracia une diferentes campos políticos

Documento é assinado por um grupo de mais de 1,6 mil personalidades brasileiras

30 mai 2020 - 18h52
(atualizado às 19h43)
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Um grupo de mais de 1,6 mil personalidades brasileiras de diferentes setores da sociedade assinou neste sábado, 30, um manifesto chamado Estamos #Juntos. O texto referendado por artistas, acadêmicos e lideranças políticas prega a defesa da "vida, liberdade e democracia" e pede que os governantes "exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o País."

Manifesto foi publicado nas páginas na edição impressa dos jornais deste sábado
Manifesto foi publicado nas páginas na edição impressa dos jornais deste sábado
Foto: Reprodução / Estadão

Entre os signatários estão representantes de diferentes lados do espectro político, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Também subscrevem o manifesto parlamentares como Marcelo Freixo (PSOL), Tábata Amaral (PDT) e Marcelo Calero (Cidadania). Outras personalidades incluem o apresentador de TV Luciano Huck, o médico Drauzio Varella, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, a atriz Fernanda Montenegro e o youtuber Felipe Neto. O manifesto foi publicado nas páginas na edição impressa dos jornais deste sábado, incluindo o Estadão.

"Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum", diz o texto. "Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia".

Um dos organizadores do grupo, o escritor Antonio Prata explica que diferentes artistas se juntaram diante da sensação de estar em uma "tempestade em um bote furado". Segundo ele, a pandemia do novo coronavírus e a deterioração na situação política do País motivaram a união entre pessoas que costumam ficar em lados opostos do debate público.

Prata cita uma fala de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que afirmou que "não é mais uma opinião de se, mas de quando" haverá "momento de ruptura" como um dos fatores determinantes para motivar uma ação conjunta. "As pessoas vieram não por mérito nosso, mas por demérito do governo", disse o escritor.

O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro disse ter assinado o manifesto em defesa das instituições democráticas. "A democracia brasileira corre sério risco", disse ele. "Até mesmo algumas pessoas que defendiam Bolsonaro assinaram. Nessa hora devemos esquecer o passado e pensar no futuro".

Outro signatário, o ambientalista Carlos Rittl, do Observatório do Clima, afirmou esperar que outras pessoas se juntem ao movimento. O site do Estamos #Juntos informa que outras 20 mil pessoas assinaram o texto. "A intenção é unir vozes e demonstrar que, além da polarização existente, há uma imensa maioria da sociedade que quer o respeito à democracia, através do diálogo".

Antonio Prata diz que o grupo ainda planeja fazer outras ações e pensa nos próximos passos. Uma das ideias é fazer um grande festival em prol da democracia, inspirado pelo Live Aid. "Queremos falar com as pessoas de fora da bolha e abrir o leque das coalizões", disse.

Basta

Um grupo de juristas e advogados lançou também neste domingo manifesto "Basta", contra os ataques de Jair Bolsonaro às instituições. O documento afirma que Bolsonaro faz de sua rotina um recorrente ataque aos poderes da República. "Agride de todas as formas os Poderes constitucionais das unidades da Federação, empenhados todos em salvar vidas. Descumpre leis e decisões judiciais diuturnamente porque, afinal, se intitula a própria Constituição."

Entre mais de 600 nomes que assinam o documento estão o diplomata Celso Lafer, o presidente da OAB Felipe Santa Cruz e o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT). O documento diz que é hora de dar um basta ao que chamou de "noite de terror com que se está pretendendo cobrir este país. "Não nos omitiremos. E temos a certeza de que os Poderes da República não se ausentarão."

Estadão
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