May apresenta plano B e rejeita atrasar o Brexit
Após derrota no Parlamento, premiê britânica diz que prevê renegociar acordo com União Europeia e descarta novo referendo.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apresentou nesta segunda-feira (21) seu plano B para tentar resolver o impasse parlamentar sobre o Brexit. A premiê propôs voltar a negociar com a União Europeia (UE) sobre a situação na fronteira entre as duas Irlandas e descartou convocar um segundo referendo ou adiar a data de saída do Reino Unido do bloco europeu.
May apresentou seus planos aos parlamentares, que na semana passada rejeitaram por ampla margem de 230 votos o acordo que ela havia alcançado com a UE. Restando pouco tempo até o divórcio programado para 29 de março, crescem as chances de uma saída sem um acordo para amenizar o choque econômico desse rompimento.
Aos parlamentares, May afirmou que, como ainda não há uma alternativa apropriada, não descarta um Brexit sem acordo. A premiê recusou ainda adiar a data da saída do bloco, porque estender o período de negociações previsto pelo Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que permite a retração de um país-membro da UE, significaria, na sua opinião, "cancelar o Brexit".
"O Brexit sem acordo só será descartado se revogado o Artigo 50 - o que retrocede o resultado do referendo, e o governo não fará isso - ou tendo um acordo, e é isso o que estamos tentando resolver", afirmou May.
A primeira-ministra argumentou também contra um novo referendo para sair do impasse e alegou que essa possibilidade não é um consenso entre os deputados. May disse que uma nova consulta popular apenas reforçaria aqueles que querem quebrar o Reino Unido e ameaçaria a coesão social ao enfraquecer a fé na democracia.
"Temo que um segundo referendo criaria um difícil precedente, que poderia ter implicações significativas sobre como lidamos com consultas populares neste país", alegou May, além de ressaltar que esse cenário exigiria um prazo maior para que o país deixe o bloco.
May prometeu ainda ser mais flexível com os legisladores para chegar a um acordo sobre o chamado backstop, que, conforme negociado entre Londres e Bruxelas, garantiria que a fronteira entre a Irlanda do Norte, um território britânico, e a República da Irlanda, membro da UE, permaneça aberta caso um novo acordo bilateral de comércio não seja firmado entre o Reino Unido e o bloco europeu até dezembro de 2020.
Tanto os conservadores linha-dura como os parlamentares do norte-irlandês Partido Democrático Unionista (DUP) temem que a regra mantenha a União Europeia e o Reino Unido vinculados por tempo indeterminado. Esse foi um dos principais motivos para os parlamentares pró-Brexit rejeitarem o acordo na semana passada.
"Nas próximas semanas, continuarei falando com meus colegas, incluindo o DUP, para considerar como podemos cumprir com as nossas obrigações com o povo da Irlanda do Norte e o da Irlanda de uma forma que possamos obter o maior apoio possível no Parlamento. Depois, levarei as conclusões desse diálogo novamente à União Europeia", afirmou May.
Bruxelas, porém, já afirmou que o backstop é inegociável e também descartou renegociar o acordo, pois considera o compromisso alcançado, depois de 17 meses de conversas, o melhor possível. May terá que convencer a UE a reabrir o diálogo e, ao mesmo tempo, garantir mais concessões para conseguir o apoio dos parlamentares.
Os planos de May serão colocados à prova no próximo dia 29, quando a Câmara dos Comuns debaterá e votará uma moção apresentada pelo governo que se limitará a constatar que os deputados consideraram suas propostas.
A moção, entretanto, poderá receber emendas das diversas forças políticas, o que abre a porta para que os parlamentares assumam parte do controle do Brexit e modifiquem o roteiro do governo. Vários grupos de deputados pretendem usar esse procedimento para bloquear a possibilidade de o país deixar a UE sem um acordo e evitar, dessa maneira, um possível cenário de caos.
CN/efe/lusa/rtr
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