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Mayra cita "comprovações" de que lockdown pode causar danos

À CPI da Covid, secretária admitiu ainda que Bolsonaro a visitou apenas uma vez para discutir ações contra a pandemia

25 mai 2021 - 16h13
(atualizado às 18h00)
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Mayra Pinheiro depõe na CPI da Covid
Mayra Pinheiro depõe na CPI da Covid
Foto: Frederico Brasil / Futura Press

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou à CPI da Covid que "as políticas de lockdown" podem causar danos à sociedade, como "fome, miséria e desemprego".

Segundo a médica, a "doença covid-19 confere imunidade mais eficaz que as vacinas" atualmente em uso e defendeu que "em pequenos grupos" a estratégia de imunização por meio do contágio pode ser eficaz. O uso de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19 tem sido usado por integrantes do Executivo nacional como alternativa às medidas profiláticas como o distanciamento físico, uso de máscaras e higienização adequada das mãos.

Neste fim de semana, o presidente Jair promoveu aglomerações no Rio de Janeiro e apareceu sem máscaras ao lado do ex-ministro da Saúde e general do Exército Eduardo Pazuello. Durante o depoimento à CPI, Mayra disse que não comentaria o comportamento do presidente da República.

Apesar das declarações, Maya disse ser "extremamente perigosa" a ideia de induzir a imunidade da população por meio do efeito de rebanho. "Para grandes populações não se sabe quantas pessoas vão precisar ser submetidas a esse tipo de teoria e ela pode induzir milhares de óbitos, então eu não concordo com isso de forma generalizada. Em pequenos grupos populacionais isso pode ser usado", afirmou ainda que tenha destacado ser necessária a vacinação de pessoas que contraíram a covid-19.

"Nós podemos desenvolver imunidade de duas formas e isso está bem claro para a sociedade. A doença em si confere imunidade, mas a vacina confere imunidade em escala. A gente não precisa esperar que muitas pessoas adquiram infecção para terem imunidade", disse ao colegiado. "No contexto atual, sabemos que a doença confere uma imunidade mais eficaz do que a vacina que estamos utilizando porque estamos usando vacinas em fase 3 de testes clínicos pela nossa urgência", completou.

A secretária também criticou decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e disse que o órgão "errou" no timing para recomendação do uso de máscaras. "A situação de emergência foi em janeiro e somente em junho foi dada a orientação para que todos usassem máscaras", destacou.

Mayra diz se lembrar de só uma visita de Bolsonaro à pasta para discutir ações

No depoimento à CPI da Covid, Mayra Pinheiro disse lembrar de apenas uma visita do presidente Jair Bolsonaro à pasta para discutir com toda a equipe ações de enfrentamento à pandemia.

"Acho que o presidente fez única visita ao ministério da Saúde, que me lembre, em reunião que foram apresentados planejamentos estratégicos das secretarias", afirmou ela ao vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que destacou a informação ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Mayra também respondeu a Randolfe não lembrar de ter visto o presidente fazer defesa do isolamento social em algum momento. A secretária ainda afirmou que não teve conhecimento da reunião no Palácio do Planalto em que se discutiu alterar a bula da cloroquina, para que o documento passasse a recomendar o remédio no tratamento da covid. O encontro foi revelado à CPI pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. "Qualquer medicamento só poder ter bula alterada pela Anvisa", lembrou Mayra aos senadores.

A secretária ainda foi questionada por Randolfe sobre um áudio revelado em que Mayra tece críticas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Era uma constatação da época", disse.

Assista também:

Na CPI da Covid, Pazuello faz ao menos dez alegações enganosas sobre cloroquina, testes e vacinas:
Estadão
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