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Política

"Me inclua fora dessa", diz ACM Neto sobre Centrão

Presidente do DEM diz que seu partido não integra bloco que hoje dá sustentação ao governo Bolsonaro

14 jun 2020 - 05h12
(atualizado às 09h39)
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Foto: Fátima Meira / Futura Press

No momento que o Centrão recebe cargos no governo federal, o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto rechaçou em entrevista ao Estadão o bloco parlamentar que hoje dá sustentação ao Palácio do Planalto. Apesar do seu partido ocupar o maior número de ministérios e avançar no 2°escalão da máquina federal, Neto disse que o Democratas não faz parte do Centrão. "Os quadros do partido que estão no governo foram escolhidos por Bolsonaro", afirmou.

O DEM é do centrão?

Me inclua fora dessa. Nós não integramos o Centrão. O Democratas deixou claro ao presidente da República desde o processo de transição em 2018 que não participaria da indicação de cargos e não aceitaria discutir espaços no governo. Os quadros do partido que estão no governo foram escolhidos pelo próprio presidente Bolsonaro, que quando quis também tirou, a exemplo do ministro (da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta. O presidente o demitiu e não teve que dar nenhuma satisfação ao partido, como não deu quando na hora que escolheu. Não vamos participar dessa política de negociação de espaços.

Qual o papel que o sr. acha que o Centrão cumpre hoje?

Eu não gosto de generalizações. Existem situações diferentes entre os partidos chamados de Centrão. Mas é evidente que alguns desses partidos foram governistas com Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e agora com Bolsonaro. Eles serão governo com qualquer um que chegar à presidência da República. Esse é um traço que distingue o Democratas. Nós fizemos oposição ao PT durante todo o período que o partido esteve no governo. Temos uma linha ideológica e de princípios muito clara. Existe um jogo de interesses muito claro de lado a lado que torna conveniente a relação, mas ela não é baseada em crenças comuns e em princípios. Portanto não tem a solidez necessária para a articulação de um governo com o Congresso Nacional.

O DEM não foi consultado sobre os cargos oferecidos aos integrantes do partido, também não censurou ou desautorizou quem aceitou.

Eu não sou oposição. O Democratas não é oposição. Temos uma postura de independência. Quando a agenda tiver confluência com o partido nós vamos apoiar. O maior exemplo é a reforma da Previdência. O Democratas foi o partido mais importante para assegurar essa vitória do governo. Não vamos para oposição. Não existe isso. Em hora nenhuma eu constrangi os ministros. Não vejo motivos para impedir que eles contribuam para o governo. Mandetta, Tereza, Onyx: todos têm trabalhos muito bem reconhecidos, mesmo o Mandetta que acabou sendo demitido. Ele foi um quadro que o País descobriu. Não censurar nenhum quadro do partido que queria contribuir com o partido e ajudar o governo. Mas isso não significa que foi uma indicação do partido. Agora, isso é muito diferente do modelo de negociação que um presidente de partido indica um assessor ou o primo de um parlamentar. Não é o nosso quadro.

O que acha dos recentes movimentos e manifestos de oposição?

Os movimentos de um lado e de outro fazem parte da democracia. Sempre respeitei a liberdade de opinião e de manifestação, independente de ser esquerda ou direita, desde que sejam pacíficas e não preguem qualquer coisa que possa colocar em risco a democracia. A democracia é inegociável. Qualquer movimento que atentar contra a democracia nós estaremos contra. O momento no País é muito preocupante. Nós estamos vivendo uma crise de saúde pública sem precedentes. Estamos caminhando para a maior recessão das últimas décadas. E para tornar o cenário mais complicado temos questionamentos sobre a estabilidade institucional que não poderiam existir nesse momento. Se impôs um antagonismo entre o governo federal e a grande maioria dos governadores.

Qual avaliação o sr. faz do desempenho do presidente?

É óbvio que em relação a pandemia eu tenho uma visão antagônica à do presidente. Defendi desde o princípio a adoção de medidas de isolamento social. Não era razoável viver a polêmica economia versus saúde pública. Eu, como prefeito, acho que seria mais útil ao País que o governo tivesse coordenando ações com Estados e municípios. O ministério da Saúde tinha que cumprir esse papel. Não gosto de ficar fazendo avaliação de governo dando nota porque não sou jurado. O governo não assumiu seu papel de grande articulador.

Qual avaliação o sr. faz da abertura de comércio no pior momento da pandemia?

Como prefeito eu me reservo a opinar às decisões de Salvador. No meu caso tenho tomado decisões técnicas e com base em dados. A regra em Salvador tem sido o isolamento social. Na última segunda-feira prorroguei as medidas até 15 de junho. Não funcionam bares e restaurantes, shopping center, escolas e as praias estão interditadas. Adotei desde o começo uma estratégia setorial. Não trato a cidade toda de uma mesma forma.

Pretende abrir quando em Salvador?

Está tudo suspenso até o dia 15 e inclui algumas atividades, poucas, em exceções: clínicas, lavanderias e concessionárias. Mas foram poucas inclusões.

Defende mudança no calendário eleitoral?

Não se pode cogitar prorrogação de mandato e coincidência de eleições com 2022. Isso seria inconstitucional e antidemocrático. A eleição tem que acontecer esse ano. O grande desafio não é o dia da votação, que pode ser ocorrer em 4 dias ou dois finais de semana. A questão é: como fazer campanha? As pessoas que hoje defendem o isolamento não podem que dia 20 de julho tenha convenções. Defendo um adiamento curto, com o 1° turno no dia 15 de novembro e o 2° no dia 30. Eu disse no Democratas: esqueçam a campanha no modelo tradicional, com corpo a corpo e comícios.

Estadão
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