Médica brasileira é indiciada por morte de modelo que caiu de prédio em Buenos Aires
A médica brasileira Juliana Magalhães foi indiciada nesta terça-feira (27) sob acusação de omissão de socorro no caso da modelo Emmily Rodrigues, que morreu ao cair do sexto andar de um prédio em Buenos Aires, em março de 2023. Advogados que representam a família da vítima também afirmam que Juliana teria envolvimento direto no crime, destacando sua relação próxima com o empresário Francisco Sáenz Valiente, apontado como o principal suspeito do caso.
De acordo com a advogada da família, Raquel Hermida, "o indiciamento rompe a estratégia da defesa e permite apontarmos para a nossa convicção de que a morte de Emmily foi um homicídio entre duas pessoas. Juliana não foi cúmplice nem encobriu. Foi coautora".
O que aconteceu no dia da morte envolvendo a médica e a modelo?
Emmily, de 26 anos, morreu na manhã de 30 de março de 2023 após cair do apartamento de Sáenz Valiente, localizado no bairro Retiro, em Buenos Aires. Naquela noite, estavam no local o empresário, Juliana e outras duas mulheres, que teriam deixado o imóvel antes do incidente.
A perícia encontrou vestígios de quetamina, sangue e sêmen no local, além de preservativos usados e brinquedos sexuais. Segundo os investigadores, a modelo sofreu uma "descompensação psiquiátrica" provocada pelo consumo de entorpecentes.
"Durante o lapso de tempo no qual Emmily manteve esse estado de alteração psíquica, arriscado para si e para terceiros, tanto Sáenz Valiente quanto Magalhães Mourão decidiram continuar com a reunião sem pedir assistência médica necessária", argumenta a Promotoria.
O Ministério Público destacou ainda que a modelo estava em um "contexto sexualizado", vestindo apenas um espartilho, enquanto o empresário estaria de "cueca ou calção, enquanto escutavam música e consumiam drogas e álcool".
Desdobramentos do caso
Na época do incidente, Sáenz Valiente foi preso sob acusação de feminicídio, mas acabou sendo liberado após três semanas de detenção. Em junho de 2023, ele foi formalmente acusado por homicídio culposo, fornecimento de drogas e facilitação de local para consumo de entorpecentes.
Nesta segunda-feira (27), Sáenz prestou depoimento, mas recusou-se a responder sobre as acusações de abandono de pessoa. Sua defesa planeja solicitar a retirada da tornozeleira eletrônica que ele usa desde o ano passado.
O depoimento de Juliana está marcado para 4 de dezembro. Enquanto isso, Hermida reforça a acusação de que a médica teria tido um papel ativo no crime, afirmando que ela "tinha uma relação estável de amante com o empresário" e o "fornecia mulheres".