Médico contesta incidência de neoplasia pelo Car-T Cell
Hematologista brasileiro que estudou terapia medicamentosa classifica método como uma solução e não um problema
A terapia com o Car-T Cell é uma das inovações recentes no campo da oncologia. Ela tem ganhado destaque por sua abordagem revolucionária no tratamento de alguns tipos de cânceres. Porém, algumas pessoas têm questionado a possibilidade de seu uso provocar outras neoplasias.
Trata-se de uma forma avançada de imunoterapia que utiliza as células do sistema imunológico do paciente com câncer para combater a sua doença. Isso envolve a modificação genética das células T para atacar especificamente suas células cancerígenas.
Contudo, sua relação com o surgimento de neoplasias secundárias não é cientificamente comprovada. Dr. Guilherme Muzzi, médico hematologista do hospital Felício Rocho e especialista nesse tipo de tratamento concorda com a afirmação e ainda adianta que a ligação entre a terapia e o desenvolvimento de uma neoplasia é praticamente nula.
"A terapia com o Car-T Cell está mostrando resultados promissores no combate a leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. Percebemos que sua versatilidade na abordagem de diferentes malignidades o torna uma opção intrigante para pacientes com diferentes diagnósticos, especialmente aqueles que têm pouca chance de cura", justifica o médico.
Em relação aos demais tratamentos, Guilherme apresenta o Car-T Cell como uma esperança quando não existem mais opções terapêuticas. "Comparado a abordagens convencionais, como quimioterapia e radioterapia, a terapia Car-T Cell destaca-se pela precisão e seletividade, minimizando danos às células saudáveis. Contudo, é importante considerar que nem todos os pacientes respondem da mesma forma a essa terapia e há desafios a serem superados".
Entre esses desafios, está o custeio do tratamento. "Embora a terapia Car-T Cell represente um avanço significativo, seu custo é considerável. Esse fato é preocupante para muitos pacientes e, principalmente, para o nosso sistema de saúde. As despesas envolvidas na manipulação genética e na administração do tratamento são fatores a serem considerados", argumenta Muzzi.
Guilherme esteve seis meses na Espanha e acompanhou de perto cerca de 50 pacientes tratados com o Car-T Cell pela equipe de hematologia do Hospital Clínic da Universidade de Barcelona. Após esse trabalho de campo, o hematologista explica que o procedimento é relativamente simples e muito eficaz.
"O processo começa com a coleta de linfócitos T do sangue do paciente com câncer por meio de uma máquina. No laboratório, eles são geneticamente modificados para expressar um receptor quimérico, que lhes confere a capacidade de reconhecer e atacar especificamente suas células cancerígenas. É como equipar as células do sistema imunológico do paciente com um detector de alvo especializado. Essas células já modificadas são reintroduzidas no paciente como se fosse uma transfusão e passam a caçar o câncer. Essa técnica é muito eficiente e tem apresentado resultados surpreendentes", conta.