Meta de coleta de sangue está abaixo da ideal; entenda
Doar sangue salva vidas, além de ser um dos maiores gestos de carinho que se pode fazer em benefício do próximo, inspirando um mundo melhor. As campanhas de doação, no entanto, têm sido insuficientes para preencher os estoques do País. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, são coletadas no Brasil 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8% do parâmetro estabelecido pela Organização Mundial da Saúde – a meta ideal é de 3%. Por isso, o número é considerado baixo pelos especialistas.
“O Sudeste é a região que mais doa sangue, mas isso varia de Estado para Estado. O Norte é que tem mais dificuldades, por conta da extensão de territórios e o acesso da população aos hemocentros e bancos de sangue. Temos de ter campanhas de órgãos governamentais, regionais e locais, mas, sobretudo, que isso seja ensinado na escola”, afirma Hélio Moraes Souza, vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
Hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 32 hemocentros coordenadores e 368 regionais e núcleos de hemoterapia distribuídos em todo o País.
“No Brasil, precisaríamos aumentar a demanda em 40% do número de doações. O envelhecimento da população, as doenças oncológicas, a sobrevida de pessoas com doenças crônicas, tudo isso colabora para que a necessidade de sangue seja movida para cima”, adverte César de Almeida Neto, médico especializado em hematologia e hemoterapia da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, um dos maiores bancos de sangue da América Latina, com 12.000 doadores e 140 mil doações por ano.
“Não há um local específico que esteja em uma situação favorável. Não existe um lugar onde esteja sobrando volume de sangue destas doações.”
Cada bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. Todos os tipos têm importância, mas o “O negativo” é o mais requisitado, por ser doador universal. O número de doadores para este tipo acaba sendo de apenas 6%.
Nesta semana, a Fundação Pró-Sangue registra como “crítico” o nível dos sangues tipo “O positivo”, “O negativo”, “A negativo” e “B negativo” . Os demais tipos seguem estáveis.
O sangue doado é fundamental para aqueles pacientes atendidos em emergências com grande perda sanguínea (politraumatizados), que sofrem de doenças hematológicas ou doentes transplantados e necessitam de sangue continuamente para sobreviver.
Constrangida de tanto amor
Doar sangue não traz prejuízo algum para a saúde e ajuda pessoas cuja vida depende das doações. Foi assim com a aposentada Maria Angela Moura Cavichioli, 57 anos. “Completo agora em maio três anos de um transplante autólogo de medula óssea. Este tratamento foi muito agressivo me levando a uma queda fortíssima de plaquetas e leucócitos, fiquei muito fraca. Após uma campanha da família, recebi tantas bolsas, que me senti constrangida por tanto amor”, descreve.
Requisitos básicos para a doação de sangue
• Estar em boas condições de saúde
• Ter entre 16 e 69 anos
• Pesar, no mínimo, 50kg
• Estar descansado e alimentado
• Não ter tido hepatite após os 11 anos de idade
• Não ter hepatite B e C, vírus HIV (aids), e doença de Chagas
• Não fazer uso drogas injetáveis ilícitas
• Não ter tido malária