Script = https://s1.trrsf.com/update-1725976688/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Militares do GSI dizem que ordem para prender vândalos só veio após muitos serem liberados

Servidores que estavam no Palácio do Planalto no momento da invasão, ouvidos em sindicância do Gabinete de Segurança Institucional, afirmam que comando inicial era para 'evacuar' o prédio e orientá-los a deixar o local

12 mai 2023 - 13h40
Compartilhar
Exibir comentários

A sindicância aberta pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para investigar a conduta de servidores que estiveram no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, quando o prédio foi invadido e depredado por bolsonaristas radicais, aponta que a ordem para prender os extremistas só veio depois que muitos haviam sido liberados.

O material reunido até o momento na apuração administrativa foi compartilhado com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Os relatos dos servidores vão no mesmo sentido: o comando inicial era para evacuar o prédio. A orientação do general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-chefe do GSI, para prender os golpistas só teria vindo após a resistência dos vândalos em deixar o Palácio do Planalto.

O coronel André Luiz Garcia Furtado, então coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI, afirmou que a mudança de comando chegou a gerar um 'desentendimento' entre oficiais que comandavam o trabalho do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal no prédio.

"Por intermédio do coronel Wanderli, esta tropa da PMDF foi orientada a efetuar as prisões, sendo que o referido oficial acompanhou a entrada deste efetivo pela rampa do PP. Com a chegada desta tropa da PMDF, já realizando prisões, a tropa do BGP, comandada pelo coronel Fernandes, que estava tão somente orientando manifestantes a desocuparem o 2º piso, desconhecia a nova ordem do ministro chefe do GSI, o que suscitou um desentendimento entre os comandantes das frações (EB e PMDF), fato este que foi devidamente esclarecido pelo coronel Wanderli (DSeg), de modo que, a partir daí, as duas tropas trabalharam em conjunto para efetuar as prisões dos manifestantes", narrou.

Oficial do GSI conversa com golpistas no terceiro andar do Planalto em 8 de janeiro
Oficial do GSI conversa com golpistas no terceiro andar do Planalto em 8 de janeiro
Foto: Reprodução/Estadão / Estadão

Antes disso, segundo Furtado, os pisos superiores haviam sido desocupados e a maioria dos golpistas ficou concentrada na área externa. O general Carlos José Russo Assumpção Penteado, na época número dois do GSI, teria determinado que os vândalos fossem orientados a deixar o local.

"Durante a desocupação dos pisos superiores, os manifestantes remanescentes, insensíveis à orientação de desocupação, permaneceram no Salão Nobre (2º Piso). Neste momento, o ministro chefe do GSI determinou a prisão desses remanescentes, o que foi acatado pela tropa de choque do Exército", afirmou.

O coronel Wanderli Baptista da Silva Júnior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI, também foi ouvido na sindicância. Ele relatou que, em um primeiro momento, a ordem era para fazer 'varredura' do prédio.

"De volta ao interior do Palácio do Planalto (não me recordo o horário exato), mas depois das ações acima (retirada de manifestantes), recebi a ligação do general Gonçalves Dias determinando que fosse feita a prisão dos manifestantes que estivesse dentro do Palácio do Planalto. Na sequência. liguei para o general Carlos Feitosa, meu chefe imediato, e confirmei com ele a ordem recebida", declarou.

Também falou que houve uma discussão entre os oficiais que estavam coordenando o trabalho do Exército e da PM no Palácio do Planalto, por causa da mudança de orientação.

"O CMT da tropa da PMDF retorna até a mim, dizendo 'Comando, vou prender o Coronel do Exército'. Eu, de imediato, passei a frente da tropa de choque da PMDF e fui falar com o coronel Fernandes, que estava cumprindo a missão de retirada dos manifestantes do Palácio e não tinha ciência. Até aquele momento, a ordem de prisão determinada pelo Ministro do GSI. Após informá-lo que eu havia acionado a PMDF para cumprir a ordem de prisão, a situação de desencontro de informações, entre os dois oficiais, foi resolvida de imediato. Inclusive, o major da PMDF, posteriormente, veio se desculpar a mim e também se colocou a disposição de se retratar o coronel sobre o mal-entendido", afirmou.

O major José Eduardo Natale de Paula Pereira, ex-coordenador de Operações de Segurança Presidencial do GSI, que aparece nas filmagens oferecendo água aos vândalos, afirmou que tentou uma 'negociação' com os golpistas, mas não conseguiu contê-los. Segundo ele, havia cerca de 40 homens da tropa de reação do GSI no momento da invasão.

Natale narrou ainda que a tropa de choque conseguiu 'limpar' o terceiro andar e conter os manifestantes que estavam no segundo piso.

"Os policiais militares começaram a realizar a desocupac¸a~o do Pala´cio do Planalto quando outros policiais da tropa de choque da PMDF chegaram e o comandante desta tropa deu voz de prisa~o aos manifestantes invasores", disse. "Va´rios invasores ja´ haviam desocupado o Palácio Presidencial."

Assim como nos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), os relatos dos servidores GSI na sindicância convergem ao afirmar que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não emitiu alertas sobre o risco de violência nos protestos do dia 8 de janeiro. O planejamento de segurança do Palácio do Planalto teria sido elaborado com base em informações da PM do DF.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade