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Minas de Zema não é Sul-Sudeste eleitoralmente; Minas é Brasil

Se quiser ter chances para 2026, governador precisa estudar o que ocorreu com Aécio sob risco de seu projeto presidencial virar voo de galinha

8 ago 2023 - 20h11
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Desde a redemocratização não houve sequer uma eleição presidencial em que o candidato eleito tenha conseguido a faixa sem que houvesse saído vitorioso em Minas Gerais. Posicionado geograficamente no centro do País, com mais de 586 mil quilômetros quadrados de área territorial, o Estado é um compacto do mapa eleitoral brasileiro. Ao lançar um movimento do consórcio Sul-Sudeste, o governador mineiro Romeu Zema, que possui pretensões presidenciais, parece querer dialogar com um eleitorado externo, que pode lhe render uma posição interessante na disputa, mas que é insuficiente para vencê-la. Sem Minas, Zema precisaria romper um ciclo de nove eleições em que quem vence no Estado, vence no País.

BELO HORIOZONTE MG NACIONAL ROMEU ZEMA 01-11-2022 O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta terça-feira, 1, que determinou que as polícias estaduais promovam a desobstrução de qualquer via interditada por manifestações de caminhoneiros FOTO ROMEU ZEMA/INSTAGRAM
BELO HORIOZONTE MG NACIONAL ROMEU ZEMA 01-11-2022 O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta terça-feira, 1, que determinou que as polícias estaduais promovam a desobstrução de qualquer via interditada por manifestações de caminhoneiros FOTO ROMEU ZEMA/INSTAGRAM
Foto: ROMEU ZEMA/INSTAGRAM / Estadão

Apostar no fato de ser governador de Minas para sair de lá ganhador não parece ser uma estratégia correta. Aécio Neves, em 2014, é um exemplo claro disso. Reeleito em 2006 governador com 77% dos votos, 21 pontos porcentuais a mais do que o próprio Zema em sua reeleição, que obteve 56% do eleitorado, e tendo feito seu sucessor Antônio Anastasia, em 2010 com 63%, ainda em primeiro turno, não conseguiu bater Dilma Rousseff, que o derrotou localmente por 52 x 48, repetindo exatamente o placar nacional.

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  • Com a impossibilidade da candidatura de Jair Bolsonaro, Zema busca ser o herdeiro eleitoral desse campo da política nacional. Tem a concorrência direta de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e de Ratinho Jr, governador do Paraná, estes dois, sim governantes de um eleitorado sul-sudestino, mais rico e uniforme, que não tem votado no lulismo desde sua reeleição em 2006. Ao buscar ser líder desse movimento, Zema parece querer se igualar a seus pares, ao invés de aprofundar naquilo que pode ser sua diferenciação, que é a possibilidade real de ser um elo para esse campo dialogar com o Nordeste e a população de menor renda.

    O último governador mineiro que se lançou à Presidência teve espetacular votação em São Paulo e Paraná, mas esqueceu de fazer a lição de casa. Inteligentemente, já vitoriosa em Minas Gerais, no primeiro turno, a campanha de Dilma Rousseff abusava da máxima de "quem conhece, não vota Aécio", referindo-se à sua derrota em seus domínios eleitorais. Zema, se realmente quiser ter chances para 2026, deve estudar o ocorrido com seu conterrâneo e perceber que sua intentona pode lhe gerar alguma audiência, mas se tornar eleitoralmente um verdadeiro voo de galinha.

    Estadão
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