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Montagem usa vídeos antigos para dizer que Lula não quer cumprir promessa de auxílio de R$ 600

3 nov 2022 - 18h55
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Um vídeo que circula nas redes usa dois trechos de falas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e uma passagem do Jornal Hoje, da Globo, para a alegação falsa de que o petista não irá cumprir a promessa de pagar Auxílio Brasil de R$ 600 com adicional de R$ 150 por filho. O trecho em que Lula afirma "ganhamos a eleição com um discurso e tivemos que mudar" foi gravado em 2015, não atualmente. Nesta quinta (3), a equipe de transição do governo eleito se reuniu com o relator do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), para buscar viabilizar a proposta.

A desinformação conta com ao menos 182 mil interações no TikTok e 4,2 mil curtidas no Instagram nesta quinta-feira (3).

Selo falso

Lula pego na mentira da promessa de auxílio de R$ 600
Montagem com a alegação falsa de que Lula desistiu do Auxílio Brasil de R$ 600
Montagem com a alegação falsa de que Lula desistiu do Auxílio Brasil de R$ 600
Foto: Aos Fatos

Uma montagem que mescla três vídeos está sendo compartilhada nas redes com a alegação falsa de que Lula mudou de ideia e não pretende mais manter a promessa de pagar Auxílio Brasil de R$ 600, com adicional de R$ 150 por filho de até seis anos. Os dois primeiros vídeos da montagem são recentes — uma entrevista de Lula ao SBT em 29 de setembro e um trecho do Jornal Hoje, da Globo, veiculado nesta quarta-feira (2) —, mas o trecho em que Lula teria admitido descumprir a promessa foi gravado em 2015.

No trecho final da peça, Lula diz "ganhamos a eleição com um discurso e tivemos que mudar". O comentário foi feito em outubro de 2015, durante a reunião da executiva nacional do PT, e foi veiculado no Jornal da Globo. Lula se referia à campanha de 2014, e afirmou que aquilo criou um "problema político sério" para o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu que as medidas de ajuste fiscal propostas pela petista fossem aprovadas no Congresso com o aval dos deputados do partido, mas o processo de impeachment foi iniciado em dezembro daquele ano.

A peça também engana ao omitir o trecho do Jornal Hoje em que aparece o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento no Congresso, dizendo que está pronto para discutir os dados que foi enviado ao Congresso pelo atual governo para levar em consideração o que a equipe de Lula quiser priorizar para manter o Auxílio Brasil de R$ 600. A fala do relator aparece a partir de 23 minutos e 50 segundos da reportagem original. Confira a íntegra abaixo:

"Esse valor [de R$ 600] só vai até o dia 31 de dezembro. Ou seja, para que esses 21,6 bilhões de famílias, no Brasil, recebam R$ 600 em janeiro é preciso que haja medidas legislativas agora. E o nosso tempo está curto porque nós temos que cumprir o orçamento até o dia 17 de dezembro. Então, nossa expectativa é de esperar para ver que proposta a equipe do novo governo vai trazer. Porque no orçamento que nós temos, que veio do executivo, não tem espaço orçamentário para isso. Então, a nova equipe vai ter que dizer: olha! nós queremos R$ 52 milhões, queremos mais isso, queremos mais aquilo e vamos tirar de tal lugar, vamos tomar tal medida."

O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023, enviado pelo Executivo ao Congresso em agosto, prevê o benefício com valor de R$ 405 no ano que vem, mas a equipe de transição do presidente eleito, liderada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), iniciou negociações a fim de aumentar o valor para R$ 600 a partir de 1º de janeiro.

Segundo Castro, a manutenção dos R$ 600 depende da aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para alterar o teto de gastos ou de uma medida provisória que abra crédito extraordinário, o que depende do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Referências:

1. SBT

2. Globo (1 e 2)

3. O Estado de S. Paulo (1 e 2)

4. Câmara

5. G1

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