Moraes derruba sigilo de inquérito que investiga golpe de Estado e envia material à PGR
Ministro manteve a confidencialidade sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Nesta terça-feira, 26, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, derrubou o sigilo do relatório da Polícia Federal sobre o chamado 'inquérito do golpe'. A investigação apura a suposta tentativa de um golpe de Estado em 2022, no último ano do governo de Jair Bolsonaro, para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As informações são de Gerson Camarotti.
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Apesar de derrubar o sigilo, Moraes preferiu manter a confidencialidade sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
No despacho, o ministro do Supremo ainda determina o encaminhamento do material para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Agora, é o procurador-geral da República, Paulo Gonet, quem deve analisar e decidir se apresentará denúncia contra os indiciados.
O relatório feito pela PF foi enviado ao STF na última quinta-feira, 21. No documento, 37 pessoas constam como indiciadas por envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado.
Investigações sobre tentativa de golpe
A Polícia Federal já investiga há um ano as supostas tentativas de golpe de Estado entre 2022 e 2023. Nas mais de 800 páginas de inquérito, a PF denuncia 37 pessoas, entre eles o de Bolsonaro, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
A última atualização das investigações trouxe a revelação de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
No dia 19 de novembro, a PF deflagrou uma operação para desarticular a organização criminosa e os agentes chegaram a cumprir cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas de prisão nos Estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal. O Exército Brasileiro também acompanhou a operação.
Entre as medidas cautelares, estão a proibição de manter contato com os demais investigados e de se ausentar do País, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.
Segundo a corporação, os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE), os chamados "kids pretos". Todos os presos exerciam cargos públicos.