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Morte de voluntários freia ajuda humanitária a Gaza por via marítima

3 abr 2024 - 20h18
(atualizado em 4/4/2024 às 04h48)
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Bombardeio israelense que matou sete voluntários deixa entidades que atuam no enclave palestino receosas e ameaça assistência a civis acossados pelo conflito. Grupos cobram de Israel garantias de segurança.Um navio carregando 240 toneladas de alimentos originalmente destinados à Faixa de Gaza retornou ao Chipre nesta quarta-feira (03/04), dois dias após um bombardeio israelense matar sete voluntários da ONG World Central Kitchen (WCK), que fornece refeições em áreas de catástrofe.

Carro do WCK bombardeado por forças israelenses. Para entidades de ajuda humanitária, episódio reforça o quão inseguro é atuar em Gaza
Carro do WCK bombardeado por forças israelenses. Para entidades de ajuda humanitária, episódio reforça o quão inseguro é atuar em Gaza
Foto: DW / Deutsche Welle

A carga não entregue era parte de um total de cerca de 340 toneladas de alimentos enviados em 30 de março pelo WCK a Gaza usando o corredor marítimo do Chipre - uma iniciativa que prevê a inspeção prévia, por parte de Israel, de toda a carga despachada. Cem toneladas chegaram a ser descarregadas pelos voluntários, que acabariam sendo mortos mais tarde.

A tragédia, que o premiê israelense Benjamin Netanyahu chamou de "não intencional", levou a WCK a interromper suas operações na região, com o retorno da frota de navios ao Chipre.

Também nesta quarta, o ministério alemão do Exterior alertou que a morte dos voluntários pode significar a piora da situação dos civis em Gaza. O risco, segundo um porta-voz da pasta, é de que o episódio motive outras entidades de ajuda humanitária, cujo trabalho é "urgentemente necessário", a reconsiderar e encerrar suas atividades na região.

A Alemanha é um dos aliados de Israel que tem dirigido apelos ao país para que permita a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.

Críticas também vieram dos Estados Unidos, onde o presidente Joe Biden se referiu à morte dos voluntários da WCK como não sendo um caso isolado; da Espanha, que cobrou o "esclarecimento detalhado das causas" da ação israelense; e da Polônia, que anunciou a convocação do embaixador israelense - uma das vítimas do bombardeio era um polonês.

Entidades apontam más condições de trabalho

Fundador do WCK, José Andrés disse que o bombardeio não foi "apenas um erro lamentável qualquer em meio à guerra", mas sim um ataque direto a veículos claramente identificados, cuja movimentação era conhecida e havia sido coordenada com os militares israelenses. Andrés acusou o governo israelense ainda de provocar propositalmente a escassez na assistência humanitária à região.

A WCK, que enviava ajuda humanitária desde outubro a Gaza, era segundo fontes do governo israelense responsável por 60% do apoio não-governamental que chegava até o enclave. Após o bombardeio, a entidade anunciou a paralisação de suas atividades - no que foi seguida por uma outra entidade parceira, a American Near East Refugee Aid (Anera).

As Nações Unidas, por sua vez, suspenderam suas operações noturnas por ao menos 48 horas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que manterá seu trabalho em Gaza. "Estamos aqui para ficar e fazer nosso trabalho", disse Rik Peeperkorn, representante do órgão para os territórios palestinos. Ele citou outros ataques a veículos da ONU e empecilhos do lado israelense como um sinal de que acordos para a prestação de ajuda humanitária "não funcionam" nesse conflito.

Porta-voz da Caritas na Alemanha, que atua na região indiretamente, por meio de pessoas recrutadas em Gaza, Achim Reinke afirma que o fato de o Exército alemão participar de uma operação para lançar mantimentos pelo ar em Gaza é um sinal de "impotência" diante do alto risco associado a operações humanitárias por terra ou mar, que fariam mais sentido.

"Esses pacotes aéreos só chegam aos mais fortes dentre os fortes, se é que alcançam alguém. Aos mais velhos ou às pessoas com deficiência não chega nada", afirma Reinke.

Na terça, ao lamentar a morte dos voluntários da WCK, a ONG espanhola Open Arms, que havia oferecido um veleiro para a missão, criticou a falta de segurança a que estão expostos trabalhadores humanitários em Gaza. "Sentimos saudades de Saifeddin, Zomi, Damian, Jacob, John, Jim e James, mas eles permanecerão para sempre em nossa memória, e continuaremos a falar por eles, pelos mais de 32,5 mil mortos em Gaza, as centenas de trabalhadores humanitários, os hospitais destruídos, jornalistas e todos os 'casos isolados' que não são um acidente, mas sim parte de uma estrutura de morte e destruição", escreveu a entidade na rede social X.

Segundo a ONU, desde o início da guerra - deflagrada após um atentado terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos e terminou com mais de 240 sequestrados -, cerca de 180 trabalhadores humanitários perderam a vida em Gaza.

ra (Reuters, DW, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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