Mourão defende Bolsonaro e diz que Alexandre de Moraes é parcial
Para o vice-presidente, Bolsonaro usa 'as armas que a Justiça lhe dá' contra o ministro do Supremo
BRASÍLIA - O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem feito ataques seguidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mourão acusou Moraes de ser parcial, replicando as alegações de Bolsonaro, que esta semana chegou a requerer o afastamento do ministro de investigações que afetam o presidente. O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo relator do caso no STF, Dias Toffoli.
"O presidente usa as armas que a Justiça lhe dá. Uma vez que a gente considera que magistrado está agindo parcialmente, em relação a sua pessoa, você tem essas armas para utilizar", disse o vice-presidente a jornalistas no Palácio do Planalto.
Questionado se Moraes seria "parcial", ele concordou. "Eu considero. Eu acho que está havendo disruptura nisso aí tudo. Eu concordo que o presidente utilizou instrumentos que tinha à disposição", afirmou.
Mourão, no entanto, se mostrou cético quanto à possibilidade de a ação ajuizada por Bolsonaro contra Moraes na Procuradoria-Geral da República (PGR) ter sucesso. "Depende do que o procurador Aras vai julgar a esse respeito. O tribunal já mandou de volta, então acho difícil que prospere", disse.
O presidente apelou à PGR levantando suspeitas em relação à conduta de Moraes nos inquéritos que apuram organização de atos antidemocráticos e difusão de notícias falsas.
Forças Armadas
Nesta sexta, Mourão tentou contemporizar as tensões entre as Forças Armadas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e declarou que as sugestões oferecidas pelos militares para supostamente aprimorar o sistema eleitoral brasileiro são "assunto encerrado".
"(As Forças Armadas) Fizeram um trabalho técnico, possuem equipe altamente qualificada, de engenheiros, técnicos formados pelas melhores escolas. Apresentaram suas observações a respeito. O tribunal respondeu. Considero encerrado o assunto", disse. "Não acho ambiente conturbado, faz parte, é jogo político", acrescentou, minimizando as tensões entre os Poderes.
No último dia 9, o TSE tornou públicos sete questionamentos em que as Forças Armadas levantaram suspeitas e os classificou como "opinião". A equipe técnica da Corte reiterou a segurança das urnas eletrônicas e disse que não há "sala escura" de apuração dos votos.
O TSE já avisou as Forças Armadas que o ordenamento jurídico para as eleições deste ano está fechado e, assim, mudanças só poderão ser discutidas para o próximo pleito. Bolsonaro, no entanto, disse que as sugestões não serão "jogadas no lixo".