MPF pede prisão de policiais rodoviários envolvidos na morte da menina Heloísa
Órgão também solicitou nova perícia no carro onde a criança, que morreu neste sábado, foi atingida
O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a prisão preventiva de três policiais rodoviários federais que estavam na ação que tirou a vida de Heloísa dos Santos Silva, de três anos, informou o órgão ao Terra. Atingida por uma bala de fuzil no último 7 de setembro na Baixada Fluminense, ela morreu nesse sábado, 16, após nove dias internada.
Segundo as informações, o procurador Eduardo Benones pediu a prisão dos agentes na sexta-feira, 15, quando Heloísa ainda estava viva. Os alvos do pedido são Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro, Wesley Santos da Silva e Fabiano Menacho Ferreira, policial que admitiu ter efetuado os disparos contra o carro da família - onde estava a criança - alvejado pelos tiros.
Além disso, Benones também solicitou uma nova perícia no veículo atingido pelos disparos, nas armas dos policiais e também em um fragmento de bala que a cunhada, Rayana, apanhou no local e que pegou de raspão nela.
"O MPF não concorda com a perícia feita pela Polícia Civil já que a competência do caso é federal", diz o MPF em nota.
Morte de Heloísa
Heloísa dos Santos Silva, que morreu neste sábado, foi atingida por tiros de fuzil por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dentro do carro que estava com a família, no Arco Metropolitano, no Rio de Janeiro.
Heloísa estava entubada no Centro de Terapia Intensivo (CTI) do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, tendo piora no quadro médico desde a última quarta-feira, 13.
Sua internação aconteceu no dia 7 de setembro, quando foi atingida por duas balas: uma delas entrou pelas costas, passou pela coluna e deixou fragmentos na cabeça; já a outra, ficou alojada em seu ombro direito.
Investigações
O MPF e a corregedoria da PRF estão investigando o caso. Desde o último sábado, 9, o MPF quer esclarecer o porquê um agente da PRF foi visto entrando à paisana no hospital em que Heloísa está internada.
A TV Globo teve acesso às imagens das câmeras do hospital que mostram o homem entrando sem se identificar. Um funcionário percebe e avisa a um dos seguranças, que vai atrás do policial. Pouco depois, em outro corredor, o homem já aparece com o distintivo pendurado no pescoço. Segundo a prefeitura de Duque de Caxias, porém, o agente não teria entrado no CTI onde a menina está internada, já que foi barrado pelos funcionários do hospital.
Segundo o procurador Eduardo Benones, ouvido pela emissora, caso seja comprovado que o agente ingressou no local sem autorização médica, ele pode ter cometido crime de abuso de autoridade.
De acordo com Benones, que falou sobre o depoimento dado pelo pai da menina, William Silva, os agentes teriam atirado contra o carro antes de a família descer do veículo. "Segundo ele [o pai de Heloísa], ele percebeu a viatura, mas a viatura estaria com as luzes apagadas, atrás dele com as luzes apagadas, e daí ligaram o giroflex. Segundo ele, quando ele percebeu a presença da viatura muito próximo pelo retrovisor, ele deu seta, parou no acostamento e a partir daí em poucos segundos os fatos se desencadearam com os tiros", disse. Ainda com base no depoimento de William, os policiais não teriam dado nenhum sinal de parada para o carro e não teria tido nenhum barulho externo antes dos disparos.
Um agente da PRF admitiu ter sido o autor dos disparos que acertaram Heloísa. Fabiano Menacho Ferreira disse, em depoimento, que os policiais voltaram as atenções para o veículo de William, um Peugeout 207, depois de verem que a placa constava como produto de roubo.
Segundo Menacho, a partir daí os agentes teriam ligado o giroflex e passado a seguir o veículo. Cerca de 10 segundos depois, eles teriam ouvido barulhos de tiro, chegando a se abaixar na viatura. Em sequência, Fabiano Menacho conta ter dado os três disparos, em razão das circunstâncias.