Mulher de Dom diz que corpos foram encontrados; PF nega
Segundo jornalista da TV Globo, família recebeu comunicação da Embaixada Britânica
Alessandra Sampaio, mulher de Dom Philips informou que os corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira, desaparecidos há mais de uma semana na Amazônia, foram localizados. A informação é do jornalista da TV Globo André Trigueiro, que disse que a família recebeu a notícia da Embaixada Britânica. Mas a Polícia Federal nega.
Em suas redes sociais, Trigueiro informou nesta segunda-feira, 13, que recebeu uma ligação da própria Alessandra informando o fato. “Alessandra, mulher de Dom Phillips, acaba de me informar que foram encontrados os corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira”, escreveu.
Ainda segundo Trigueiro, Alessandra recebeu informação da Polícia Federal de que os corpos ainda serão periciados antes de as identidades serem confirmadas. A Embaixada Britânica, porém, comunicou aos irmãos do inglês que os corpos se tratam de Dom Phillips e Bruno Pereira.
Alessandra, mulher de Dom Phillips, acaba de me informar que foram encontrados os corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira.
— André Trigueiro (@andretrig) June 13, 2022
Em nota, o comitê de crise coordenado pela Polícia Federal disse que as informações de que os corpos teriam sido encontrados não procedem. Segundo o órgão, foram encontrados apenas 'materiais biológicos que estão sendo periciados', além de os pertences pessoais dos desaparecidos.
"Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados", disse a Polícia Federal.
Versões
O jornal britânico The Guardian, para o qual Dom Philips já trabalhou, endossou a informação passada pela mulher do jornalista inglês. Em conversa com diplomatas e familiares do repórter, o veículo afirma que corpos foram encontrados e há indícios de que sejam da dupla desaparecida.
"[Um assessor do embaixador brasileiro no Reino Unido nos ligou] dizendo que queriam que soubéssemos que dois corpos foram encontrados", disse Paul Sherwood, cunhado de Phillips, ao jornal. "Apenas disseram que [os corpos] foram encontrados na floresta, amarrados a uma árvore, e ainda não foram identificados”.
Já equipes de resgate que buscam pelo jornalista e pelo indigenista disseram não ter encontrado corpos, segundo o porta-voz da associação indígena União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) à Reuters.
"Eu já falei com o equipe em campo é não é verdadeiro", disse Eliesio Marubo, advogado da Univaja, que organizou equipes de busca para procurarem por Dom e Bruno. "Acredito que houve uma má comunicação, mas não é verdadeiro não. E seguem as buscas", acrescentou.
Pertences
No domingo, 12, a Polícia Federal informou que encontrou objetos pessoais de Dom e Bruno. Foram localizados um cartão de saúde em nome de Bruno Pereira; uma calça, um chinelo e botas pertencentes ao indigenista; botas e uma mochila pertencentes a Dom Philips contendo roupas.
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) acrescentou que localizou uma embarcação na área das buscas.
Entenda o caso
Dom Philips e Bruno Pereira são considerados desaparecidos desde 5 de junho no Vale do Javari, região amazônica perto das fronteiras do Peru e da Colômbia.
O rastro dos dois perdeu-se quando viajavam da comunidade de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, aonde deveriam ter chegado na manhã de 5 de junho, segundo as primeiras investigações. Eles viajavam pelo rio Itaquaí em um barco novo, com 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e foram vistos pela última vez perto da comunidade de São Gabriel, a poucos quilômetros de São Rafael.
Um suspeito foi preso: "Pelado", detido na sexta-feira, 10, depois de as autoridades terem encontrado vestígios de sangue num dos seus barcos. O pescador disse ter sido torturado pela Polícia Militar do Amazonas ao ser preso.
A Terra Indígena do Vale do Javari, a segunda maior reserva indígena do Brasil, é conhecido por ser palco de conflitos entre indígenas e invasores. Segundo informações da Univaja, na qual Pereira atua como colaborador, o indigenista é alvo de ameaças constantes de madeireiros, garimpeiros e pescadores da região.
Jornalista veterano e colaborador do The Guardian, Philips vive no Brasil há 15 anos e já escreveu para vários outros veículos internacionais, incluindo Financial Times, New York Times e Washington Post.
* Com informações da DW