Mulher é presa por suspeita de matar amigo, assumir identidade dele e movimentar R$ 1 milhão
Maryana Elisa Rimes Paulo teria matado Marcelo do Lago Limeira com doses excessivas de remédio; corpo foi queimado e jogado na estrada
Uma mulher de 49 anos foi presa, nesta terça-feira, 30, em São Bernardo do Campo, por suspeita de matar um homem e assumir a identidade dele por mais de um ano. A Polícia Civil estima que ela e um cumplice tenham movimentado durante esse tempo R$ 1 milhão da vítima. Um segundo envolvido está foragido.
De acordo com a TV Globo São Paulo, Maryana Elisa Rimes Paulo é uma mulher trans e conheceu Marcelo do Lago Limeira, em festas. A vítima estava em processo de transição de gênero, pois queria ser reconhecido como mulher. Ele vivia sozinho em uma casa no ABC paulista, e tinha alguns imóveis alugados, além de receber ajuda financeira de uma tia.
Ele foi morto no dia 21 de maio de 2021, conforme informou a Polícia Civil, após a suspeita ir morar em sua residência. Marcelo tinha feito uma cirurgia plástica no rosto, e Maryana foi até o local para cuidar dele. Na investigação, as autoridades descobriram que ela o matou com doses excessivas de remédios, para depois assumir sua identidade.
Segundo a reportagem, a maquiadora chamou o amigo Ronaldo Bertolini para ajudar a se livrar do corpo. Para isso, eles alugaram uma chácara em Campo Limpo Paulista e queimaram o corpo dele, depois tentaram enterrá-lo. Por fim, abandonaram o corpo na estrada Edgar Máximo Zamboto, que foi encontrado em julho de 2021.
Quando voltou ao ABC, Maryana enganou os funcionários de um cartório, passando-se por Marcelo. "O escrevente narra que, na verdade, uma pessoa do sexo feminino se apresentou no cartório com os documentos originais do Marcelo. E quando questionado quanto a divergência dos documentos masculinos e uma figura feminina, a pessoa explicou que ela havia feito uma transição de gênero e que não havia alterado os documentos ainda, e que se tratava do próprio Marcelo”, esclareceu o delegado Cristiano Luiz Sacrini Ferreira.
Movimentação de R$ 1 milhão
Ainda segundo a reportagem de César Galvão, a Polícia apurou que a suspeita passou a receber o dinheiro dos aluguéis de Marcelo, bem como a mesada que a tia dava todo mês a ele. Maryana também alugou a casa onde a vítima morava e vendeu seu carro com uma procuração falsa.
No entanto, em abril deste ano, ela tentou movimentar o dinheiro da conta dele e apresentou a mesma procuração no banco, mas a gerente desconfiou, já que conhecia a vítima. Então, ela avisou a Polícia. Nas investigações, as autoridades souberam que Maryana e Ronaldo teriam movimentado neste período R$ 1 milhão da vítima.
De acordo com o delegado, ela não gostou de saber que ele queria se transformar em mulher. "Ela se ressentia muito porque acreditava que após a cirurgia de transição de gênero, o Marcelo ficaria uma mulher mais atraente, mais bonita do que ela”, explicou.
Maryana foi presa preventivamente, mas Ronaldo está foragido. Em nota ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que as diligências seguem visando a localização do outro envolvido e cumprimento do seu mandado de prisão. Ambos devem responder pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Ao SP2, a defesa da suspeita afirmou que o inquérito ainda está na fase da investigação e que qualquer informação nesse momento pode atrapalhar o trabalho da polícia. Ele também afirmou que, após concluídos todos os atos legais, a defesa vai se manifestar de forma mais completa.