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Mulher presa injustamente por envenenamento de irmãos deixa prisão no Piauí: 'Alívio'

Caso teve reviravolta após o padrasto da mãe das crianças ter se tornado o principal suspeito do crime

15 jan 2025 - 17h50
(atualizado às 19h32)
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Vizinha foi presa injustamente acusada de matar irmãos envenenados
Vizinha foi presa injustamente acusada de matar irmãos envenenados
Foto: Reprodução/TV Clube

Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, inicialmente apontada como suspeita de envenenar duas crianças em Parnaíba, no Piauí, disse sentir um "alívio" após ter deixado a Penitenciária Feminina Gardência Gomes, na zona sul de Teresina.

A mulher foi presa injustamente em agosto de 2024 e denunciada pelo Ministério Público do Piauí (MPPI) por duplo homicídio qualificado. A audiência de instrução e julgamento do caso estão marcados para o dia 23 deste mês. "Meu sentimento agora é muito alívio", disse à TV Clube, filiada à Rede Globo.

Lucélia foi libertada depois que o caso teve uma reviravolta. Agora, o principal suspeito das mortes é o padrasto da mãe da crianças, Francisco de Assis Pereira da Costa. Ele foi preso na última quarta-feira, 8, sob suspeita de ter envenenado a própria família no dia 1º de janeiro

O advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, afirmou que ela foi liberada da prisão por uma medida cautelar de liberdade provisória, mas que ainda não foi inocentada e que deve responder o processo. Ela foi detida em flagrante no dia 23 de agosto do ano passado, dia em que os dois irmãos foram hospitalizados. Os vizinhos da mulher tentaram linchá-la, mas a polícia impediu. Sua casa, no entanto, foi incendiada e depredada. 

"Eles começaram a depredar [a casa] comigo ainda dentro. Agradeço muito a Deus e à polícia que chegou no momento. Senão tinha morrido eu, meu filho e meu marido", contou à TV Clube. 

Ela foi acusada de ter entregue aos meninos um saco com cajus que estariam supostamente envenenados. Contudo, a perícia realizada neste mês constatou que as frutas não estavam contaminadas. Segundo Lucélia, ela não entregou os alimentos às crianças e nem sequer conhecia a família. 

Com a prisão de Francisco de Assis, a investigação do caso dos irmãos foi reaberta, e ele se tornou o principal suspeito. "Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida eu não consegui mais dormir direito. Um pesadelo que ainda hoje está na minha cabeça ainda", relatou Lucélia.

Após deixar a prisão, ela retornou para Parnaíba, onde estão o marido e seus dois filhos. Ela explicou que ficará na casa de familiares: "Com fé em Deus, vou viver a vida tranquila. A vida que eu tinha antes, né? Com minha família".

Entenda o caso

Francisco de Assis Pereira da Costa é o principal suspeito do envenenamento de uma família de 11 pessoas em Parnaíba, no Piauí. O crime ocorreu após uma festa de Réveillon na residência da família, onde as 11 pessoas moravam, incluindo a esposa do suspeito e seus filhos. Francisco, padrasto de duas das vítimas fatais, também foi envenenado, mas sobreviveu e precisou ser internado.

De acordo com o delegado Abimael Silva, que está à frente das investigações, Francisco morava na casa onde ocorreu o crime. Ele é companheiro de Maria dos Aflitos, mãe de oito filhos, sendo que seis deles residiam no local.

Dentre seus enteados, estava Francisca Maria, uma das vítimas fatais, que também tinha três filhos morando na casa. As crianças que morreram em agosto de 2024 também eram filhos de Francisca Maria.

As vítimas fatais são:

  • Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco)
  • Francisca Maria da Silva, de 32 anos (enteada de Francisco)
  • Criança de 1 ano (filho de Francisca)
  • Criança de 3 anos (filha de Francisca)

Durante a investigação, foi realizada uma cronologia dos eventos, desde a noite do Réveillon até o momento em que o alimento foi preparado.

Exames laboratoriais realizados pelo Instituto de Criminalística identificaram a presença de terbufós, uma substância venenosa e inseticida, que pode levar à morte dependendo da quantidade consumida. Esse veneno foi encontrado na panela usada para preparar o arroz, no intestino das vítimas e no prato de uma delas, de acordo com o delegado.

Na noite do dia 31, a família preparou um baião de dois e deixou o alimento sobre o fogão. Todos se serviram da comida, mas ninguém aparentou passar mal, incluindo as crianças. No entanto, o comportamento do suspeito apresentou contradições.

"Em decorrência de todo o material coletado até o momento, todos os indícios convergiram para a polícia acreditar que Francisco foi o autor desse crime bárbaro. Ele deu mais de três versões do que aconteceu nesse intervalo", explicou o delegado em coletiva de imprensa.

Durante as buscas, foram apreendidos aparelhos celulares e documentos. A perícia criminal encontrou um baú trancado perto do fogão, um local de difícil acesso. Francisco, segundo o delegado, tinha acesso exclusivo ao baú, sendo este o único lugar onde algo poderia ser escondido.

"Francisco relatou durante as oitivas, assim como outros familiares, que eles tinham um relacionamento muito conturbado, para se dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos ou enteados. E ele tinha um ódio específico em relação à enteada Francisca. Esse ódio era tão grande que ele a chamava de 'inútil e tola', dizendo que tinha 'nojo e raiva' dela. Ele manifestou várias vezes o desejo de que ela saísse de casa", revelou Silva.

"Levando em consideração que ele era o único com motivação para um crime tão raivoso e torpe, aliado às contradições constantes sobre o contato com a panela e o alimento, decidimos pedir a prisão temporária para prosseguir com a investigação. Caso nossa suspeita se concretize até o final, a prisão servirá para garantir a segurança da família", afirmou o delegado.

A investigação ainda está em andamento, com um prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito, prazo que pode ser prorrogado. Outras diligências, incluindo a análise dos dados dos celulares apreendidos, ainda serão realizadas.

Fonte: Redação Terra
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