Mulheres performam melhor na liderança, indica pesquisa
Embora tenham maior dificuldade de ocupar altos cargos, as líderes se mostram mais confiáveis e próximas de seus subordinados do que seus pares masculinos
As mulheres acumulam mais anos de estudo do que os homens, mas, proporcionalmente, estão menos presentes nos cargos de liderança no Brasil. A constatação é do Observatório Nacional da Indústria, em estudo baseado em microdados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com uma média de escolaridade quase dois anos superior à dos homens, apenas 39,1% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres no Brasil em 2023, número que se mantém desde o ano anterior.
Quando conseguem chegar aos altos cargos, porém, as chefes se mostram mais confiáveis e próximas de seus funcionários: de acordo com uma pesquisa da FIA Business School, enquanto 72% dos funcionários afirmaram confiar totalmente nos CEOs masculinos, 79% disseram o mesmo sobre as líderes mulheres. Quando comandando, a pesquisa também revelou que que elas se mostram mais acessíveis e mais conhecidas pela equipe do que eles: para 79% dos subordinados, seus líderes homens são próximos, número que sobe para 84% quando a liderança é feminina.
Andréa Oliveira, diretora executiva da Marquise Incorporações, afirma que discussões sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho são estratégicas para fortalecer a presença e a liderança feminina. O desafio é especialmente complexo em setores tradicionalmente masculinos, como o mercado imobiliário e a construção civil, no qual está inserida.
Mulheres em Foco
Em setembro, a companhia realizou o evento Mulheres em Foco, uma série de debates sobre temas como habilidades para liderança feminina, maternidade na carreira e criação de cidades mais inclusivas e seguras para mulheres. Abertas ao público, as conversas reuniram uma audiência de mais de 600 pessoas online e presencialmente. "Nós, mulheres, temos de nos lembrar sempre da importância de agir com autoconfiança e de nos posicionar de maneira assertiva, sem duvidar da nossa capacidade profissional", afirma Andrea.
Segundo o estudo Dimensão pessoal e trabalho em 2023: Uma visão da força de trabalho global, do ADP Research Institute, mais homens (51%) do que mulheres (45%) na América Latina acreditam que a disparidade salarial entre gêneros diminuiu na empresa na qual trabalham nos últimos três anos.
A diminuição das diferenças na folha de pagamento, porém, nem sempre representam valorização plena: 44% das mulheres entrevistadas acreditam receber menos do que deveriam pelo seu trabalho, comparadas a 41% dos homens. Além disso, enquanto os funcionários alegaram à ADP que esperam receber reajustes médios de 8,5% no próximo ano, as trabalhadoras preveem aumentos de cerca de 8%.
Para reverter esse cenário, diversas empresas têm implementado iniciativas importantes. A Marquise Incorporações, por exemplo, conta com o Programa de Sucessão, voltado a identificar e formar possíveis sucessores e desenvolvendo competências e lideranças, e onde as mulheres são 80% dos participantes. Outra iniciativa é o Programa de Líderes, uma rede de apoio e troca de experiências para quem ocupa posições de destaque, em que as mulheres representam 50%. Há ainda o Centro de Excelência, universidade corporativa para capacitar mulheres a assumir e exercer com confiança os cargos de liderança, com mentorias e treinamentos.
"Chega a bater certo desânimo por, em pleno 2024, ainda estarmos repetindo o que parecem ser obviedades sobre o que é ser mulher. Mas, enquanto for preciso, e infelizmente ainda é preciso, nos cabe reafirmar que uma mulher pode ser o que ela quiser, do jeito que ela desejar e conseguir ser", complementa a CEO da Marquise.