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150 migrantes seguem presos em navio na Itália

Governo permitiu o desembarque apenas de menores de idade

23 ago 2018 - 14h16
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Após o desembarque de 27 menores de idade, outros 150 migrantes forçados continuam presos no porto de Catânia, no sul da Itália, em um navio da Guarda Costeira que está ancorado há três dias.

Migrantes a bordo do navio Diciotti, na Itália
Migrantes a bordo do navio Diciotti, na Itália
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O ministro do Interior Matteo Salvini autorizou a descida de crianças e adolescentes, mas impediu os adultos - em sua maioria homens da Eritreia - de pisarem em solo italiano. O secretário da Liga diz que só permitirá o desembarque quando a União Europeia se comprometer a acolher os deslocados internacionais.

O Ministério Público de Agrigento, vizinha a Catânia, abriu uma investigação por "sequestro de pessoas" e foi desafiado por Salvini. "Parece que a Procuradoria está investigando 'desconhecidos' por sequestro de pessoas. Nenhum desconhecido, investigue a mim! Sou eu que não quero outros clandestinos na Itália. Se me prenderem, vocês virão, amigos?", escreveu o ministro no Twitter, na última quarta-feira (22).

Nesta quinta, Salvini adotou um tom mais comedido. "Se algum procurador quiser me interrogar, estou pronto a explicar minhas razões", disse o líder da ultradireita italiana, que foi criticado inclusive pelo presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Roberto Fico, expoente do Movimento 5 Estrelas (M5S), aliado da Liga no governo.

"Alguns tem muito tempo para falar, como o presidente da Câmara, que sempre faz exatamente o contrário de outros expoentes do M5S, mas é um problema deles", declarou Salvini. "Ser presidente da Câmara significa fazer com que o Estado nunca renegue princípios fundamentais e a dignidade humana. Fui eleito para isso", rebateu Fico.

Dos 150 migrantes a bordo do navio Diciotti, 130 são da Eritreia; 10, de Comoros; seis, de Bangladesh; dois, da Síria; um, da Somália; e um, do Egito. Para Salvini, que não foi até a embarcação, todos são "imigrantes ilegais".

A Eritreia é governada pelo mesmo homem, Isaias Afewerki, desde 1993 e impõe uma severa repressão a opositores, além de obrigar todos os cidadãos masculinos a prestarem serviço militar. O país também é 179º (de um total de 180) em um ranking de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, à frente apenas da Coreia do Norte.

As convenções das Nações Unidas (ONU) sobre o tema proíbem países signatários - entre os quais está a Itália - de impedirem a entrada de refugiados. Além disso, tem direito a proteção internacional não apenas quem foge de guerras, mas também quem escapa de perseguições de qualquer tipo, mesmo em democracias. 

Ansa - Brasil
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