20 caminhões com ajuda humanitária entraram em Gaza pelo Egito
Esta foi a primeira vez em duas semanas que alguma ajuda humanitária entrou em Gaza. Mas ONU alerta que necessidade por mantimentos é muito maior.
Vinte caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar na Faixa de Gaza na manhã deste sábado, 21, em Rafah, na fronteira com Egito.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que está trabalhando junto com o governo do Egito e com o Crescente Vermelho na Palestina para garantir que remédios e mantimentos cheguem aos hospitais em Gaza.
Mais veículos que transportam os mantimentos estão viajando em direção a Rafah. Apenas 20 caminhões de ajuda humanitária foram autorizados por Israel a entrar em Gaza - enquanto outros seguem parados no lado egípcio da fronteira.
A OMS afirma que os suprimentos dos veículos que se aproximam da travessia incluem:
- "Medicamentos e suprimentos para traumas para 1.200 pessoas"
- "Kits portáteis para atendimento de até 235 pessoas feridas"
- "Medicamentos e tratamentos para doenças crônicas para 1,5 mil pessoas e medicamentos básicos essenciais e produtos de saúde para 300 mil pessoas durante três meses"
Segundo a OMS, "os suprimentos são uma tábua de salvação para pessoas gravemente feridas ou que lutam contra doenças crônicas, que suportaram duas semanas angustiantes de acesso limitado a cuidados e grave escassez de medicamentos e suprimentos médicos".
Os caminhões começaram a entrar em Gaza por volta das 4h30 no horário de Brasília neste sábado. Há relatos de comemorações das pessoas que estão na fronteira entre Gaza e Egito.
O correspondente da BBC em Gaza, Rushdi Abu Alouf, disse que a ajuda humanitária - que inclui remédios e alimentos, mas não combustível - está sendo transferida para caminhões palestinos menores para serem distribuídos pela Faixa de Gaza.
O repórter da BBC contou 20 caminhões que entraram em Gaza até agora. Esse é o número que Israel disse que permitiria.
Um deles estava carregado com caixões. Outros carregavam remédios e combustível.
Uma agência da ONU disse que o comboio de ajuda humanitária ainda é apenas uma "gota no oceano" diante da quantidade necessária em Gaza.
Juliette Touma, da Agência de Assistência e Obras para Refugiados da Palestina no Oriente Médio, diz que é necessário haver um fluxo sustentável de ajuda humanitária.
"O que os civis em Gaza realmente precisam é de acesso humanitário sustentável e contínuo, especialmente combustível para as estações de água", disse ela à BBC.
Israel concordou em permitir que 20 caminhões entrem em Gaza através da passagem de Rafah, desde que sem combustível na sua carga.
Mas Touma alega que o combustível é essencial para alimentar as bombas de água.
"A água está acabando em Gaza. Em alguns lugares já acabou completamente."
Nas duas semanas desde que o Hamas lançou seu ataque a Israel, matando mais de 1,400 pessoas, autoridades palestinas dizem que mais de 4 mil morreram em Gaza.
Neste sábado, líderes dos países árabes e europeus estão reunidos no Egito para discutir a crise. Mas há poucas expectativas de alguma solução para o conflito, já que importantes atores como Israel e Irã não estão com delegações no encontro.
Na sexta-feira, o Hamas libertou duas reféns — as primeiras desde que o conflito começou. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel está tentando libertar mais reféns, mas que suas forças seguirão "lutando até a vitória". Israel continuou os bombardeios de Gaza durante a noite.