5 destaques do discurso de Trump ao aceitar candidatura
Trump oficializou a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos e comentou sobre o ataque sofrido no último sábado.
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou oficialmente a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos nesta quinta-feira (18/7), durante a última noite da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, nos Estados Unidos.
O evento do Partido Republicano começou na segunda-feira (15/7) e terminou na quinta com a oficialização da candidatura - a sua terceira nomeação republicana consecutiva - sob grandes aplausos na plateia.
Foi o retorno de Trump aos palcos após o ataque do último sábado (13/7), no qual ele foi atingido de raspão na orelha em um comício na Pensilvânia.
Ele subiu ao palco depois de outras atrações da convenção republicana: o cantor Kid Rock com a música American Bad Ass, discursos do promotor de lutas de Ultimate Fighting Dana White e do artista de luta livre Hulk Hogan e uma execução da música God Bless the USA.
O nome de Trump foi iluminado em um letreiro gigante atrás do ex-presidente.
Depois dessa introdução com características de espetáculo, Trump parecia comedido em sua fala, por vezes fugindo do script. Ele falou por mais de 90 minutos. Apesar de pregar a união política no país, fez críticas ácidas aos democratas.
Confira abaixo, em cinco pontos, como foi o discurso de Trump.
1) Trump fala do atentado
O ex-presidente comentou sobre o ataque sofrido no sábado. Ele disse que será a única vez que comentará sobre o caso, porque afirmou ser algo "muito doloroso de contar."
"Ouvi um zumbido alto e senti algo me atingir, com muita força, na minha orelha direita. Eu disse para mim mesmo: 'Uau, o que foi isso - só pode ser uma bala' - e coloquei minha mão direita na orelha, a abaixei e a minha mão ficou coberta de sangue", declarou.
Ele afirmou que imediatamente soube que se tratava de algo muito sério e que estava "sob ataque".
"Havia sangue jorrando por toda parte, mas, de certa forma, me senti muito seguro, porque tinha Deus ao meu lado", disse Trump.
O ex-presidente afirmou que se tivesse mexido a cabeça pouco antes do ataque, poderia ter morrido.
"Eu não estaria aqui esta noite", diz ele. "Estou diante de vocês nesta arena apenas pela graça do Deus Todo-Poderoso. Muita gente diz que foi um momento providencial."
Ao longo da semana, muitos republicanos fizeram referência a uma intervenção divina ao comentar sobre o ataque contra Trump.
A multidão que participou do evento permaneceu em silêncio enquanto Trump contava o seu relato. No telão, ao fundo do ex-presidente, foram exibidas imagens feitas no momento do tiroteio.
O silêncio da plateia só foi interrompido com aplausos quando Trump disse que Deus estava ao seu lado.
No discurso, Trump prestou uma homenagem ao bombeiro Corey Compatore, de 50 anos, que foi morto no tiroteio durante o comício na Pensilvânia.
Compatore morreu ao tentar proteger familiares.
"Ele perdeu a vida agindo como um escudo humano", disse Trump.
O capacete e a jaqueta de combate a incêndios de Compatore estavam no palco, e Trump chegou ao ficar ao lado dos itens.
2) Apenas uma menção a Biden
Apesar de sua fala conter críticas ferozes às políticas de Joe Biden, Trump fez apenas uma referência direta ao nome de seu oponente, o chamando de um dos piores presidentes da história — algo que ele costuma fazer em comícios.
"O estrago que ele fez no país é inimaginável, simplesmente inimaginável", disse Trump.
O futuro da candidatura de Biden segue incerto.
Na quarta-feira, ele foi diagnosticado com covid e está se recuperando em sua casa em Delaware.
Biden prometeu que seguirá disputando a reeleição, apesar de relatos de que líderes democratas — inclusive o ex-presidente Barack Obama — estão questionando essa decisão, com cada vez mais parlamentares do partido pedindo que ele abandone a disputa, para que outra pessoa concorra.
3) Declarações falsas
Trump prometeu concluir o que ele considera que falta do muro entre Estados Unidos e México, no Sul do país. A maior parte já foi construída por mim", disse.
Essa alegação é imprecisa, já que menos de 800 km de muro foram construídos em seu primeiro mandato.
Ele também exagerou dados de inflação, dizendo que "compras de supermercado aumentaram 50%, gasolina subiu de 60% a 70%, empréstimos imobiliários quadruplicaram".
A inflação é um tema importante para eleitores americanos, mas desde que Biden chegou ao poder em janeiro de 2021 os preços subiram cerca de 20%.
Trump também mencionou em diversos momentos de seu discurso as alegações infundadas de fraude nas eleições de 2020, na qual ele foi derrotado.
4) Família Trump em cena
A convenção terminou com a tradicional reunião em família no palco. Mas o clã de Trump é agora muito mais do que um mero espetáculo — eles são as figuras poderosas do Partido Republicano, com capacidade de gerar uma dinastia.
Os filhos de Trump, Eric e Don Jr, fizeram discursos de destaque na convenção. Don Jr. teria sido importante na indicação de J.D. Vance como vice do pai.
No começo da semana, a esposa de Eric, Lara Trump, também subiu ao palco. Como co-diretora do Comitê Nacional Republicano, ela terá um papel importante na campanha eleitoral.
A convenção também teve discursos de figuras menos conhecidas da família, como a neta mais velha, Kai Trump. Com 17 anos, ela não poderá votar em novembro.
Outros parentes apareceram menos. A esposa Melania Trump surgiu apenas na noite final, em uma rara aparição pública. Mas ela não discursou — ao contrário do que costuma acontecer tradicionalmente com as esposas dos candidatos.
A filha Ivanka também não. Ela também só compareceu na noite final, com seu marido Jared Kushner. Antiga assessora próxima do pai, ela deixou a política depois que seu pai saiu da Casa Branca.
5) União dos EUA... mas só até certo ponto
Trump visitou o local da convenção todos os dias desta semana, mas permaneceu sentado no camarote do evento. Só se aproximou do microfone para discursar nesta quinta.
Ao oficializar a sua candidatura, Trump disse que o país precisa se concentrar na união.
"A discórdia e a divisão na nossa sociedade devem ser curadas. Como americanos, estamos unidos por um destino único e por um destino partilhado. Subimos juntos. Ou desmoronaremos", afirmou.
"Estou concorrendo para ser presidente de toda a América, não de metade da América", acrescentou.
Mas ele não resistiu e improvisou críticas aos democratas e ao United Auto Workers, um dos maiores sindicatos do país. Além de criticar Biden, ele disse que a ex-presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, é "louca".
Sobre os processos que ele está enfrentando na justiça, ele atacou os democratas: "Eles precisam parar, porque estão destruindo o país".
Trump também disse que "o Partido Democrata deveria imediatamente parar de usar o sistema de Justiça como arma".
A imigração segue sendo um dos principais temas de sua agenda.
Ele disse que a imigração ilegal é uma "invasão que está matando centenas de milhares de pessoas por ano" e prometeu "a maior operação de deportação da história do nosso país — maior até do que a do presidente Dwight D Eisenhower há muitos anos".
Mais de um milhão de imigrantes mexicanos foram deportados dos EUA em 1954.
Em uma parte grande de seu discurso, que foi um dos maiores em convenções republicanas já visto, Trump culpou os imigrantes pela criminalidade: "Viramos um depósito do mundo, que está rindo de nós. Eles acham que somos burros".