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5 pontos para entender violência que já deixou mais de 50 mortos e 600 feridos no Sudão

O Sudão virou palco neste fim de semana de violentos confrontos entre integrantes do exército e milícias paramilitares.

16 abr 2023 - 11h53
(atualizado em 17/4/2023 às 06h05)
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Fumaça acima dos prédios do aeroporto de Cartum
Fumaça acima dos prédios do aeroporto de Cartum
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O Sudão tem sido palco de violentos confrontos entre integrantes do Exército e milícias paramilitares conhecidas como Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) desde o fim de semana.

Os combates na capital Cartum e em outras partes do país — resultado direto de uma luta por poder no país governado pelos militares — deixaram até agora quase 100 civis mortos, segundo o sindicato de médicos sudanês. O conflito em si não envolve diretamente civis, mas militares.

Moradores da capital sofrem com tiroteios entre forças rivais que lutam pelo controle do palácio presidencial, da televisão estatal e do quartel-general do Exército.

No terceiro dia de combates, explosões e tiros foram registrados na manhã desta segunda-feira em Cartum.

No domingo (16/4), os dois lados observaram um cessar-fogo temporário para permitir a evacuação dos feridos.

Mas por que a violência estourou no Sudão e quais são os motivos por trás do conflito?

1 - Qual é o pano de fundo do conflito?

Desde que ocorreu um golpe em outubro de 2021, o Sudão é governado por um conselho de generais. Há dois militares disputando poder.

De um lado está o general Abdel Fattah al-Burhan, que é o chefe das Forças Armadas e presidente do país.

Do outro, seu vice e líder do RSF, general Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemedti.

A rivalidade entre o general Mohamed Hamdan Dagalo (foto) e o general Abdel Fattah al-Burhan está no centro da disputa.
A rivalidade entre o general Mohamed Hamdan Dagalo (foto) e o general Abdel Fattah al-Burhan está no centro da disputa.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Eles discordam sobre os rumos que o país está tomando e sobre a proposta de transição para o regime civil.

Entre os pontos mais controversos estão os planos de incluir os 100 mil combatentes do RSF no exército e a definição de quem ficaria encarregado de liderar a nova força.

2 - Por que as hostilidades começaram no sábado?

A violência estourou após dias de tensão, depois que membros do RSF foram redistribuídos em todo o país em um movimento que o exército interpretou como uma ameaça.

Esperava-se que a situação pudesse ser resolvida através do diálogo, mas isso nunca se concretizou.

Se a luta continuar, esta situação pode fragmentar ainda mais o país
Se a luta continuar, esta situação pode fragmentar ainda mais o país
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não está claro quem disparou o primeiro tiro na manhã de sábado, mas há temores de que as hostilidades piorem ainda mais uma situação já complicada.

Diplomatas pediram a ambos os lados um cessar-fogo.

3 - Quem são as Forças de Apoio Rápido?

A RSF foi formada em 2013 e tem suas origens na milícia Janjaweed, que combateu brutalmente os rebeldes em Darfur.

Desde então, o general Dagalo construiu uma força poderosa que interveio em conflitos no Iêmen e na Líbia e controla algumas das minas de ouro do Sudão.

Essas forças também foram acusadas de abusos dos direitos humanos, incluindo o massacre de mais de 120 manifestantes em junho de 2019.

A poderosa força fora do exército é vista como uma fonte de instabilidade no país.

4 - Por que os militares mandam no país?

O conflito do fim de semana é o mais recente episódio da tensão que se seguiu à queda do presidente Omar al-Bashir em 2019.

Protestos de rua pediram o fim do governo de quase três décadas do presidente Omar al-Bashir
Protestos de rua pediram o fim do governo de quase três décadas do presidente Omar al-Bashir
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Houve grandes protestos de rua pedindo o fim de seu governo de quase três décadas. O exército deu um golpe para removê-lo do poder.

Mas os civis continuaram a exigir um papel no plano de avançar para o regime democrático.

Um governo conjunto militar-civil foi então estabelecido, mas foi derrubado por outro golpe em outubro de 2021.

E desde então, a rivalidade entre o general Burhan e o general Dagalo se intensificou.

Um acordo foi firmado em dezembro do ano passado para devolver o poder aos civis, mas as negociações para finalizar os detalhes fracassaram.

5 - O que pode acontecer agora?

Se o conflito continuar, esta situação pode fragmentar ainda mais o país e piorar a turbulência política.

Os diplomatas, que desempenharam um papel crucial na tentativa de instar o retorno do governo civil, estarão desesperados para encontrar uma maneira de fazer com que os dois generais estabeleçam um diálogo.

Enquanto isso, a população do país é quem sofre as consequências do conflito.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gr8y9ym8yo

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