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A alpinista que, na tentativa de quebrar recorde, é acusada de não ajudar guia que morreu

Imagens que parecem mostrar a equipe de Kristin Harila passando ao lado do guia caído enquanto escalavam a montanha K2 no Paquistão foram reveladas

12 ago 2023 - 20h27
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Kristin Harila nega ter deixado um guia ferido morrer na montanha
Kristin Harila nega ter deixado um guia ferido morrer na montanha
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A conhecida alpinista norueguesa Kristin Harila negou as acusações de que a equipe dela passou por cima de um guia ferido, quando ela tentava quebrar um recorde mundial.

Mohammed Hassan havia caído num trecho do K2, a segunda montanha mais alta do mundo, que faz parte da cordilheira do Karakórum, no Himalaia, Paquistão.

Um vídeo divulgado nas redes sociais parece mostrar um grupo de alpinistas caminhando ao lado de Hassan, que teria morrido horas depois.

Harila disse à BBC que ela e a equipe dela fizeram de tudo para ajudá-lo em condições perigosas.

"É um acidente trágico. Há um pai, um filho, um marido que perdeu a vida naquele dia no K2. Acho muito triste que tenha terminado assim", disse.

A norueguesa seguia para o cume do K2. Ao alcançá-lo, quebrou um novo recorde mundial e se tornaou a alpinista mais rápida a alcançar todos os picos de mais de 8.000 metros.

O que aconteceu?

A K2 é considerada uma das montanhas mais perigosas do mundo para escalar
A K2 é considerada uma das montanhas mais perigosas do mundo para escalar
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na subida do dia 27 de julho, Hassan, ao que parece, caiu em um trecho extremamente estreito, conhecido como Gargalo da Garrafa.

Dois escaladores, Philip Flämig e Wilhelm Steindl, da Áustria, publicaram imagens que parecem mostrar pessoas escalando sobre o ferido. Não está claro o ponto do incidente que mostram as imagens.

Ambos também estavam na montanha naquele dia, mas cancelaram a subida devido às condições climáticas perigosas e uma avalanche. Eles filmavam um documentário sobre a tentativa de Steindl de chegar ao topo.

Como a tela da câmera era pequena, eles só se deram conta dos detalhes quando acessaram as imagens feitas pelo drone no dia seguinte.

"Vimos um homem vivo, caído na travessia do gargalo. E as pessoas o atropelavam no caminho para o cume. E não havia missão de resgate", disse Steindl à BBC.

"Fiquei muito surpreso. E muito triste. Comecei a chorar porque as pessoas simplesmente passavam e não havia missão de resgate."

Hassan estava sendo tratado por uma pessoa "enquanto todos os outros" se dirigiam para a corrida em uma "carreira intensa, rápida e muito competitiva até o cume", disse Flämig à publicação Der Standard, da Áustria.

Harila negou as acusações de que deixou Hassan morrer.

Em entrevista ao programa The World Tonight da BBC, Harila disse que os membros da equipe tentaram ajudar Hassan, mas que "não foi possível" levá-lo de volta pela rota estreita porque estava cheia de outros alpinistas.

Ela disse que Hassan "não era parte de nosso equipamento". Também esclareceu que não tinha visto ele cair e que não tinha deixado sozinho.

As explicações de Harila

Harila sugeriu que há perguntas abertas que a empresa que empregou Hassan deve responder, porque o homem parecia não ter um suprimento de oxigênio ou roupa adequada para o clima frio.

Hassan fazia parte de um grupo de assistentes que a empresa enviava antes do grupo de escalada para garantir que as cordas estivessem bem presas.

"Tentamos salvá-lo. Fizemos tudo o que podíamos por muitas horas. É um caminho muito estreito. Como você vai escalar, atravessar e carregar [uma pessoa]? Não é possível", disse Harila.

A alpinista norueguesa escreveu em um post no Instagram que caminhava quando viu a outra equipe da qual Hassan fazia parte, alguns metros à frente, antes do "trágico acidente" acontecer.

Harila, que disse não ter visto exatamente o que aconteceu, mencionou que ninguém era culpado pela morte, acrescentando que decidiu se manifestar para impedir a propagação de "desinformação e ódio".

Mohammed Hassan caiu em um trecho estreito da montanha K2
Mohammed Hassan caiu em um trecho estreito da montanha K2
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

"Hassan estava pendurado de cabeça para baixo em uma corda entre duas âncoras de gelo, com o arnês (equipamento para escalada) nos joelhos, sem roupas adequadas e com o estômago exposto à neve", disse Harila.

A equipe de Harila tentou por uma hora e meia amarrar uma corda ao guia e dar-lhe oxigênio e água quente até que "uma avalanche estourou", segundo a alpinista.

Entendendo que a equipe estava segura, ela disse que achava que mais ajuda estava chegando e decidiu seguir adiante para evitar um engavetamento no gargalo.

De acordo com Harila, o cinegrafista dela ficou para trás para ajudar até que ele próprio ficasse sem oxigênio. "Somente quando voltamos, vimos que Hassan estava morto e não tínhamos condições de levar o corpo dele para baixo."

Harila não disse se alguém estava com Hassan enquanto ele estava ferido, quando o cinegrafista o deixou ou quando passaram pelo corpo quando desciam.

O K2, localizado na fronteira Paquistão-China, tem uma elevação de 8.611 metros e é considerada uma das montanhas mais desafiadoras e perigosas para escalar do mundo.

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