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A incrível história da única sobrevivente de queda de avião que explodiu em pleno ar

29 dez 2016 - 17h33
(atualizado às 17h37)
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Imagine ser o único sobrevivente de um dramático acidente aéreo. Foi o que aconteceu, 44 anos atrás, com Vesna Vulovic, uma aeromoça que escapou viva da explosão e da queda de um avião a 10 mil metros de altura.

Um acidente que até hoje é um mistério - e que acabou por transformá-la em uma militante política.

Vesna voltou ao noticiário após ser encontrada morta em sua casa em Belgrado, onde morava sozinha com três gatos, no último dia 23. Ela tinha 66 anos.

A causa da morte não foi divulgada.

Explosão no ar

No dia 26 de janeiro de 1972, Vulovic estava trabalhando a bordo de um DC-9 da companhia Yugoslav Airlines quando o avião explodiu sobre uma cadeia de montanhas da antiga Tchecoslováquia.

A aeromoça foi a única sobrevivente entre os 28 passageiros e tripulantes.

De acordo com as investigações, Vesna ficou presa por um carrinho de comida na parte de trás do avião, que se partiu no ar.

A cauda do DC-9 caiu em uma montanha coberta de árvores e neve que, segundo os peritos, amorteceram o impacto da queda.

Ela foi salva por Bruno Honke, um lenhador da aldeia de Srbská Kamenice, que ouviu seus gritos no escuro, em meio aos destroços do avião.

A primeira explicação para o acidente foi de que uma bomba teria sido colocada a bordo por nacionalistas da Croácia durante a escala em Copenhague, na Dinamarca.

No entanto, as caixas-pretas nunca apareceram - nada ficou provado e ninguém foi preso.

DC-9 da Yugoslav Airlines semelhante ao avião que explodiu em 1972
DC-9 da Yugoslav Airlines semelhante ao avião que explodiu em 1972
Foto: CC Clipperarctic / BBC News Brasil

Versão fantasiosa?

Em 2009, os repórteres investigativos Peter Hornung e Pavel Theiner, de Praga, informaram que o avião teria sido confundido com uma aeronave inimiga e derrubado por um caça da Força Aérea tcheca.

Baseados em documentos secretos da autoridade de aviação civil da antiga Iugoslávia, os jornalistas acreditam que a polícia secreta tcheca criou a versão contada por Vesna para encobrir o erro dos militares.

A polícia secreta iugoslava também colaborou, segundo a tese dos jornalistas.

A história da aeromoça era tão boa, disseram Hornung e Theiner, que ninguém fez perguntas ou duvidou dela.

Depois de chegar no hospital, Vesna passou 10 dias em coma. Ela fraturou o crânio, duas vértebras, a pélvis, várias costelas e as duas pernas.

"Eu estava toda quebrada e os médicos juntaram meus pedaços de novo", contou em entrevista de 2008 ao jornal americano The New York Times.

"Ninguém nunca imaginou que eu ia viver tanto".

Recordista

A queda deu a Vesna Vulovic um lugar no Guinness World Records, o "Livro dos Recordes", em 1985, como a sobrevivente da maior queda livre sem paraquedas.

A aeromoça ficou temporariamente paraplégica, mas depois que se recuperou plenamente voltou a trabalhar no balcão da Yugoslav Airlines.

Ela dizia que não se lembrava do acidente nem do resgate e continuou voando como passageira.

"As pessoas sempre queriam sentar perto de mim nos voos", contou.

A incrível história transformou Vesna em celebridade na Sérvia, e ela aproveitou a fama para se tornar uma ativista política.

Em 1990, foi demitida pela empresa aérea por participar de protestos contra o então presidente Slobodan Milosevic, mas não chegou a ser presa. Nas duas décadas seguintes, continuou lutando contra o nacionalismo.

"Sou como um gato, tenho sete vidas," afirmou ao New York Times. "Mas se as forças nacionalistas triunfarem neste país, vou ficar com o coração partido".

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