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A morte de Sudan, o último rinoceronte-branco-do-norte macho

Aos 45 anos, Sudan era o último macho de sua subespécie no mundo - agora restam apenas duas fêmeas

21 mar 2018 - 11h49
(atualizado às 11h57)
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O último rinoceronte-branco-do-norte macho morreu nesta semana, depois de meses sofrendo com problemas de saúde.

Sudan tinha 45 anos e vivia na reserva Ol Pejeta, no Quênia. Ele foi sacrificado na segunda, quando as complicações decorrentes de sua idade avançada pioraram.

Com sua morte, restam agora apenas duas fêmeas da subespécie do mundo - a filha e a neta de Sudan.

"Sua morte é um símbolo cruel da falta de apreço do ser humano pela natureza", diz Jan Stejskal, do Zoológico Dvur Kralove, na República Tcheca, onde Sudan viveu até 2009. "Isso entristeceu todos que o conheceram. Mas não devemos desistir", disse ele à agência AFP.

A única esperança de preservar a subespécie agora é com o uso de técnicas de fertilização in vitro.

"Precisamos aproveitar a possibilidade de usar tecnologias para preservar espécies ameaçadas de extinção. Pode parecer inacreditável, mas, graças a novas técnicas, Sudan ainda pode ter uma descendência", diz ele.

Sudan morreu de quê?

A idade de Sudan era equivalente a 90 anos para um humano. Ele tinha se tornado o último macho de sua subespécie depois que um outro rinoceronte macho morreu em 2014.

Arte
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Foto: BBC News Brasil

O rinoceronte recebia tratamento para doenças degenerativas que atingiam seus músculos e ossos. Ele também tinha muitas feridas na pele.

Nas suas últimas 24 horas de vida, ele não estava conseguindo ficar de pé e estava sofrendo muito. Assim, veterinários da reserva Ol Pejeta o sacrificaram para livrá-lo do sofrimento.

Por que esse tipo de rinoceronte é tão raro?

O rinoceronte é o segundo maior mamífero do planeta, atrás apenas dos elefantes.

Há cinco espécies do animal. O branco é dividido em duas subespécies: o branco-do-sul e o branco-do-norte - que é muito mais raro que o do sul e está em perigo crítico.

Os rinocerontes-brancos-do-norte viviam em Uganda, na República Centro Africana, no Sudão e no Chade e foram dizimados nos anos 1970 e 1980. Na época, a caça ilegal foi estimulada pela demanda por chifres de rinoceronte para uso na medicina tradicional da China e para a produção de artefatos no Iêmen.

A última dúzia de rinocerontes-brancos-do-sul selvagens foi morta na República Democrática do Congo no começo dos anos 2000.

Em 2008, a subespécie foi considerada extinta na natureza pela WWF, entidade de preservação ambiental.

Em 2009, os últimos quatro rinocerontes da subespécie - dois machos e duas fêmeas - foram transferidos do zoológico da República Tcheca para a reserva no Quênia.

A esperança era de que o novo ambiente, mais parecido com o habitat natural dos bichos, encorajaria o cruzamento.

As tentativas, entretanto, não foram bem-sucedidas, e depois de quatro anos Sudan foi aposentado de seu papel de garanhão.

Outra tentativa de preservar alguns dos genes da subespécie cruzando as duas fêmeas, Najin e Fatu, com machos da subespécie do sul também falharam.

Sudan teve uma conta criada no aplicativo de paquera Tinder no ano passado, como parte de uma campanha para arrecadar recursos. A ideia era conseguir dinheiro para um fundo de projetos de fertilização in vitro para tentar preservar os animais.

Cientistas coletaram material genético de Sudan na segunda-feira para futuras pesquisas.

Pesquisadores também querem usar sêmen de diversos machos e óvulos das fêmeas que ainda existem para emplantar embriões em "barrigas-de-aluguel" de fêmeas de rinocerontes-brancos-do-sul.

O uso da técnica para reproduzir esse tipo de animal é algo novo e custa caro.

Notícias da morte de Sudan geraram comoção ao redor do mundo.

Políticos do Quênia e youtubers postaram fotos de momentos em que estiveram com o bicho na reserva onde ele viveu seus útimos anos.

Muitos ativistas culparam a falta de preocupação humana com a natureza e falaram sobre a importância de tentar salvar outras espécies de animais antes que seja tarde.

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