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Mundo

A nação africana onde mercenários pró-Rússia do grupo Wagner operam

A operação de influência da Rússia na nação do Mali, na África Ocidental, envolve a presença de tropas do Wagner e também se baseia na agitação popular

26 jul 2023 - 16h31
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A operação de influência russa no Mali tem sido muito bem-sucedida até agora
A operação de influência russa no Mali tem sido muito bem-sucedida até agora
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Líderes africanos viajarão para a Rússia para uma cúpula com o presidente Vladimir Putin em 27 e 28 de julho.

Isso é visto como outro sinal do crescente papel da África no cenário internacional e é o segundo evento desse tipo desde um encontro em Sochi em 2019.

Enquanto a Rússia e seus rivais lutam pela influência no continente africano, os acontecimentos no Mali têm mostrado que agentes pró-Rússia podem estar diminuindo a influência de outros países no continente.

Onde fica o Mali?

O Mali é um país da África Ocidental sem acesso ao mar e é um dos maiores do continente, com área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, se estendendo da África Ocidental tropical até o deserto do Saara.

O sul urbano contrasta com o norte escassamente povoado mas conturbado politicamente, onde uma rebelião secessionista foi interrompida por um acordo de paz de 2015. Nas regiões centrais, agricultores e pastores estão há anos em confronto pelo acesso à terra e à água.

Mapa do Sahel, na África
Mapa do Sahel, na África
Foto: BBC News Brasil

O Mali é um dos países mais pobres do mundo, com 22,5 milhões de habitantes vivendo com uma renda média anual de US$ 833 (quase R$ 4 mil) por pessoa, segundo o Banco Mundial.

A população do Mali é predominantemente muçulmana e a língua oficial do país é o francês. O país fica na região do Sahel, na África.

O que está acontecendo?

O Mali enfrenta uma insurgência jihadista islâmica desde 2012. Também houve dois golpes militares desde agosto de 2020, apesar do apoio da França e da ONU.

O Mali vem se aproximando da Rússia desde que um golpe de 2020 derrubou seu antigo governo
O Mali vem se aproximando da Rússia desde que um golpe de 2020 derrubou seu antigo governo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os EUA anunciaram recentemente sanções contra três funcionários de alto escalão do Mali que dizem estar "facilitando o entrincheiramento" dos mercenários russos do Grupo Wagner.

Enquanto isso, o mandato da Missão da ONU de 13 mil homens no Mali (Minusma) terminou em 30 de junho, após uma década de tentativas fracassadas de estabilizar o país.

Desde que as tropas francesas foram embora em agosto de 2022 e a retirada da Minusma, a junta militar do Mali — que tomou o poder em maio de 2021 — aproximou-se cada vez mais do Wagner.

Acredita-se que o grupo russo tenha agora mil soldados no país, embora a junta militar negue sua presença.

O que é o movimento pró-Rússia no Mali?

Yèrèwolo significa "filhos dignos" na língua franca do Mali, a bambara. O grupo foi criado em 2019 pelo ativista incendiário Adama Ben Diarra, também conhecido como Ben, O Cérebro, integrante do Conselho Nacional de Transição (CNT) do Mali.

O grupo radical pan-africanista é supostamente próximo da junta militar no poder. Seu lema "debout sur les remparts" (situado nas muralhas) é uma frase do hino nacional do Mali.

O grupo usou discursos nacionalistas e retórica pró-Rússia para pedir a expulsão das forças francesas e da ONU do Mali, o que acabou acontecendo.

Quem é o líder do grupo?

O líder do Yèrèwolo, Adama Diarra, comanda o sentimento pró-russo e anti-francês do grupo.

Adama Diarra é o líder do movimento Yèrèwolo que se mobilizou contra a presença de forças francesas e da ONU no Mali
Adama Diarra é o líder do movimento Yèrèwolo que se mobilizou contra a presença de forças francesas e da ONU no Mali
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Nascido na cidade-guarnição de Kati, 15 km ao norte de Bamako, Diarra trabalhava em uma escola de ensino médio e começou seu ativismo como sindicalista em sua cidade natal, antes de se formar em ciências políticas e jurídicas.

Diarra se considera pan-africanista e um discípulo do primeiro presidente do Mali, Modibo Keïta, que lutou pela independência da França na década de 1960. Diarra se define como uma figura revolucionária que veio para emancipar o povo do Mali da influência estrangeira.

Ele está entre os cinco funcionários do governo de transição sancionados pela União Europeia no ano passado por acusações de ajudar a derrubar o ex-presidente do Mali em 2020. Diarra disse que a sanção era uma honra.

Ele também foi visto no vizinho Burquina Faso apoiando os esforços da administração militar do país para cortar relações com a França e se aproximar di Wagner.

Qual é a ligação do grupo com o Wagner?

É comum ver símbolos do Wagner e da Rússia nos comícios de Yèrèwolo, assim como a queima de símbolos da ONU e ocidentais, especialmente franceses.

Acredita-se que Diarra tenha apresentado uma petição com supostos nove milhões de assinaturas à embaixada russa no Mali, pedindo uma maior cooperação militar entre seu país e a Rússia.

"Eu venho dizendo isso há anos: minha inspiração, minha bússola, foi o relacionamento que nosso primeiro presidente teve com a União Soviética", disse Diarra certa vez em um vídeo.

Por que Yèrèwolo é contra a missão da ONU?

O Yèrèwolo lançou uma campanha contra a Minusma, a missão da ONU no Mali, depois que as forças francesas partiram. O grupo criticou um relatório de segurança da ONU em junho de 2002, que dizia que apenas cerca de 21% do país era controlado pelas autoridades.

A missão da ONU no Mali durou uma década
A missão da ONU no Mali durou uma década
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O grupo também acusa a ONU de retratar o exército negativamente depois que um relatório destacou que soldados do Mali e forças estrangeiras, que se acredita serem russas, teriam matado 500 civis em uma operação de uma semana na cidade central de Moura em 2022.

Como no Mali, a ONU está enfrentando declínio político e de segurança em outras partes da África.

A missão da ONU na República Centro-Africana enfrentou críticas da mídia, enquanto a missão na República Democrática do Congo é alvo de hostilidades.

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