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A nova estratégia para tentar retirar navio que bloqueia o Canal de Suez

O navio Ever Given, operado pela empresa Evergreen, encalhou na terça (23) no canal, bloqueando a passagem de todos os outros navios.

27 mar 2021 - 19h43
(atualizado às 20h16)
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O Ever Given aparentemente não está danificado
O Ever Given aparentemente não está danificado
Foto: EPA / BBC News Brasil

Novos esforços estão sendo feitos para desencalhar o enorme navio cargueiro que está bloqueando o Canal de Suez, no Egito.

O navio Ever Given, operado pela empresa Evergreen, encalhou na terça (23) no canal, na transversal, bloqueando a passagem de todos os outros navios. O Canal de Suez liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e é uma das rotas de navio mais utilizadas do mundo.

Os administradores do canal dizem que 14 navios rebocadores estão tentando aproveitar a maré alta do sábado e mais rebocadores devem chegar no domingo se as tentativas falharem.

Se mesmo assim o Ever Given continuar encalhado, a equipe de resgate deve tentar uma nova estratégia — tentar deixar o navio mais leve. Se isso foi necessário, no entanto, toda uma nova e complicada operação de logística terá que ser implantada.

Mais de 300 navios esperam pela liberação do caminho em ambos os lados do canal. Alguns tiveram que modificar as suas rotas e dar a volta no continente africano para chegar aos seus destinos finais.

Até sexta (26), escavadeiras haviam removido cerca de 20 mil toneladas de areia do entorno da proa do Ever Given, que encalhou na margem do canal. Cerca de 9 mil toneladas de água de água de lastro — armazenada nos tanques para estabilizar o navio — foram liberadas para ajudar a deixar o navio mais leve, segundo Osama Rabie, o presidente da SCA (Suez Canal Authority, empresa estatal que administra a passagem).

Escavadeiras e rebocadores estão sendo usados para desencalhar o navio
Escavadeiras e rebocadores estão sendo usados para desencalhar o navio
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Rabie diz que a popa do navio (a parte traseira) havia começado a se mexer na sexta à noite, e que o leme e a hélice haviam voltado a funcionar. Segundo ele, fortes marés e ventos tornaram o desencalhe do navio mais difícil. Ele não deu uma data certa para o desbloqueio do canal, mas disse que a SCA vai trabalhar o mais rápido possível para fazer a passagem dos outros navios assim que o Ever Giver for desencalhado.

Os primeiros relatos diziam que o navio de 400 metros e 200 mil toneladas bateu na margem em meio a fortes ventos e uma tempestade de areia que afetaram a visibilidade. No entanto, Rabie afirma que as condições meteorológicas não foram "os principais motivos" para o encalhe do navio.

"Pode ter havido problemas técnicos ou erro humano", diz, sem dar detalhes. "Todos esses fatores (que levaram ao problema) serão esclarecidos na investigação."

O Ever Given é propriedade da empresa Shoei Kisen, do Japão, mas é operado pela empresa taiwanesa Evergreen Marine.

Yukito Higaki, presidente da Shoei Kisen, disse na sexta-feira que o navio não parecia estar danificado. "Não tem água entrando no navio. Depois de ser desencalhado, ele deve ser capaz de operar", afirmou.

Como será a nova estratégia?

No momento, a estratégia usada para desencalhar o navio é a retirada de areia da margem e o uso de navios rebocadores para puxar no Ever Given.

Caso isso continue não sendo suficiente, as equipes de resgate podem ter que remover alguns dos contêineres que o navio carrega para aliviar o seu peso, afirma Rabie. Ele diz, no entanto, que esperava que isso não fosse necessário.

John Denholm, presidente da Câmara de Navegação do Reino Unido, disse anteriormente à BBC que a transferência da carga para outro navio ou para a margem do canal envolveria trazer equipamentos especializados, incluindo um guindaste que precisaria ter mais de 60 metros de altura.

"Se seguirmos essa estratégia de deixar o navio mais leve, suspeito que o tempo para o desencalhe seja de semanas", disse Denholm.

Por que o Canal de Suez é tão importante?

Cerca de 12% do comércio global passa pelo canal de 193 km, que fornece a ligação marítima mais curta entre a Ásia e a Europa.

Uma rota alternativa, ao redor do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, demora duas semanas a mais para ser completada.

De acordo com dados da Lloyd's List, o bloqueio está impedindo que uma quantidade de mercadoria equivalente a cerca de US$ 9,6 bilhões circule por dia.

Rabie afirma que o Egito está tendo um prejuízo de até US$ 14 milhões por dia com o bloqueio do canal. Ele disse que o Egito agradece aos Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos pelas ofertas de ajuda.

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