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A última cartada de Macron para tentar impedir que direita radical controle Parlamento na França

Candidatos de centro e de esquerda podem desistir da disputa no segundo turno, a fim de concentrar o voto anti-RN.

1 jul 2024 - 05h29
(atualizado às 13h07)
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O partido Reunião Nacional, de direita radical, está a caminho de se tornar o maior partido na Assembleia Nacional francesa
O partido Reunião Nacional, de direita radical, está a caminho de se tornar o maior partido na Assembleia Nacional francesa
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O partido Reunião Nacional (RN), de direita radical, conseguiu mais uma vitória — e está agora mais perto de alcançar seu objetivo de virar do avesso a política francesa.

Nos próximos dias, vai se falar muito sobre candidatos de centro e de esquerda que podem desistir da disputa no segundo turno, a fim de concentrar o voto anti-RN — e muita lamentação sobre o desaparecimento da antiga Frente Republicana (quando os partidos costumavam se unir para impedir a chegada da direita radical ao poder).

Mas seria necessária uma reviravolta de proporções monumentais para reverter a única conclusão que pode ser tirada deste primeiro turno da eleição: que o RN é agora indiscutivelmente a força política dominante na França.

No entanto, o que falta decidir nesta semana ainda é bastante significativo.

É a diferença entre um governo de direita radical com carta branca devido a uma maioria absoluta na Assembleia Nacional, e um governo de direita radical incapaz de fazer muita coisa porque a Assembleia está dividida.

No momento, as projeções indicam que o RN teria algo entre 260 e 310 assentos na Casa. Como seriam necessárias 289 cadeiras para garantir maioria absoluta, obviamente o resultado ainda está em aberto.

Para limitar os danos à sua causa, os centristas do presidente francês, Emmanuel Macron, e a aliança de esquerda Nova Frente Popular vão fazer um apelo aos seus eleitores para que votem estrategicamente no segundo turno, marcado para 7 de julho. Mesmo que seu candidato tenha sido eliminado da disputa, os eleitores serão instados a escolher quem quer que seja em seu círculo eleitoral que seja contra o RN.

Mas o problema com este tipo de ordem partidária é que cada vez menos gente escuta.

O desaparecimento da vergonha que acompanhava votar no RN foi um processo longo, mas que agora pode sem dúvida ser declarado encerrado.

A outra dificuldade para os oponentes do RN é o alto número de votações triangulares no segundo turno — em outras palavras, círculos eleitorais em que três candidatos, e não dois, vão se enfrentar no próximo domingo. Normalmente, um de centro, um de direita radical e um de esquerda.

A razão para o alto número de eleições triangulares é a elevada participação eleitoral, que por si só é resultado do alto risco que está em jogo.

Isso acontece também porque a campanha relâmpago tornou impossível para os partidos pequenos atuarem juntos, então a votação se concentrou nos três blocos.

Evidentemente, se houver três partidos competindo em um círculo eleitoral, será mais difícil concentrar o voto anti-RN. Em muitos lugares, haverá candidatos centristas ou de esquerda desistindo da disputa — mas isso está longe de acontecer em todos os círculos eleitorais.

Em geral, o país parece estar agora tomado por uma sensação de que a vitória da direita radical é inevitável. O que antes era visto como algo absurdo que nem sequer deveria ser contemplado, é agora um fato tangível à espreita.

Isto deprime e irrita muitas pessoas, especialmente nas grandes cidades, como Paris — onde a melancolia se abateu.

Em outros lugares, longe dos centros urbanos, as pessoas provavelmente pensam diferente.

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