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Aceno ao diálogo da Coreia do Norte é 'falso', diz ex-espiã que explodiu avião sul-coreano

'O único objetivo da Coreia do Norte é completar seu programa nuclear. A Coreia do Norte não vai mudar por diálogo', diz Kim Hyun-hui, responsável por explodir avião sul-coreano que matou 115 pessoas às vésperas dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988.

8 fev 2018 - 18h35
(atualizado às 18h44)
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'O único objetivo da Coreia do Norte é completar seu programa nuclear. A Coreia do Norte não vai mudar por diálogo', diz Kim Hyun-hui
'O único objetivo da Coreia do Norte é completar seu programa nuclear. A Coreia do Norte não vai mudar por diálogo', diz Kim Hyun-hui
Foto: BBC News Brasil

Espiã da Coreia do Norte na década de 1980, Kim Hyun-hui explodiu, com a ajuda de um segundo agente, um avião com 115 sul-coreanos meses antes dos Jogos Olímpicos de Seul de 1988. Arrependida, hoje ela vive escondida na Coreia do Sul e anda constantemente sob proteção de seguranças, com medo de possíveis retaliações de seu país natal.

Mais de 30 anos depois do incidente, que ela define como "a cruz que precisará carregar para o resto da vida", e às vésperas da Olimpíada de Inverno sul-coreana, Hyun-hui defende que as iniciativas de "diálogo" e "paz" que surgiram como os jogos são "falsas".

"Claro que é falso, o único objetivo da Coreia do Norte é completar seu programa nuclear. Eles não pensam em nada além de armas nucleares. A Coreia do Norte não vai mudar por diálogo", afirmou à BBC. "Ela não vai mudar com palavras macias, somente a pressão vai funcionar na Coreia do Norte."

Hyun-hui não revela seu atual endereço, na Coreia do Sul, e só se desloca acompanhada de um grupo de homens fortemente armados, porque tem medo de que o governo norte-coreano tente matá-la.

Há 25 anos, seguindo ordens de Pyongyang, ela explodiu um avião de uma companhia sul-coreana, matando todos os 115 passageiros a bordo.

O ano era 1987, e a Coreia do Sul se preparava para sediar os Jogos Olímpicos em Seul.

As 115 pessoas a bordo morreram com a explosão
As 115 pessoas a bordo morreram com a explosão
Foto: BBC News Brasil

"Disseram pra mim que eu estava na linha de frente para unificar a Coreia. Que eu estaria libertando a Coreia do Sul, como uma heroína revolucionária. Eu estava cheia de orgulho", relata à BBC.

"Todas as 115 pessoas que estavam à bordo foram mortas. Mas eu percebi que isso foi assassinato, foi matar meu próprio povo. Pessoas inocentes", lamenta.

Kim Hyun-hui explica que, na Coreia do Norte, tudo o que se aprende sobre o Sul é que ele funcionaria como uma "colônia americana", e que tudo o que vinha dos Estados Unidos seria ruim para eles.

"No Norte, nós aprendemos que o Sul é uma colônia dos Estados Unidos. Corrupta. Que os Estados Unidos são agressores. Eles dizem para nós que os Estados Unidos são arqui-inimigos e que não podemos viver sob o mesmo céu."

Kim Hyun-hui foi capturada na época e confessou ter cumprido ordens do ditador norte-coreano para explodir o avião
Kim Hyun-hui foi capturada na época e confessou ter cumprido ordens do ditador norte-coreano para explodir o avião
Foto: BBC News Brasil

Quando cumpriu a missão de explodir o avião sul-coreano, Kim Hyun-hui e um colega embarcaram em um voo da companhia Korean Airlines em Bagdá, no Iraque, com destino à Coreia do Sul.

Já dentro do avião, ela conta que colocou uma bomba escondida dentro de uma mala no compartimento superior.

Durante uma escala em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, os dois agentes desembarcaram e fugiram.

Horas depois, a bomba foi detonada. Todas as 115 pessoas a bordo morreram. Os dois agentes secretos acabaram localizados - seu colega se suicidou, mas Kim Hyun-hui sobreviveu e foi capturada. Ela confessou o caso e disse que estava cumprindo ordens de Kim Il-sung e de seu filho e herdeiro, Kim Jong-il.

Na Coreia do Norte, porém, a história ganhou outra versão. O país nega que Kim Hyun-hui tenha nascido no Norte e considera que sua história foi "fabricada" pelo Sul.

Kim Hyun-hui diz que não conseguiu contar aos filhos sua história ainda
Kim Hyun-hui diz que não conseguiu contar aos filhos sua história ainda
Foto: BBC News Brasil

A ex-espiã acabou se casando com um dos agentes de Inteligência da Coreia do Sul que a interrogou e hoje tem dois filhos com ele. "Meus filhos não são grandes o suficiente para saberem a história e eu não tentei ainda contar para eles os detalhes. Mas hoje em dia, com a internet aí e entrevistas que dou na mídia, suspeito que eles provavelmente sabem de alguma coisa Essa vai ser a cruz que precisarei carregar pro resto da vida", afirmou.

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