Adolescente brasileiro e pai vítimas de bombardeio estavam no Líbano para abrir negócio
Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, e o pai Haj Kamal Abdallah moravam em Foz do Iguaçu (PR) antes de se mudarem para o país
Natural de Foz do Iguaçu (PR), o adolescente brasileiro Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, havia se mudado havia poucos meses para o Líbano com o pai, Haj Kamal Abdallah, e um irmão para abrir um negócio. O Ministério das Relações Exteriores confirmou, nesta quarta-feira, 25, a morte do adolescente e do pai em um bombardeio.
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O adolescente e o pai, que era natural do Paraguai, foram vítimas de um ataque aéreo de Israel contra o Hezbollah na cidade de Kelya. Os dois e o irmão de Ali, Mohamed, trabalhavam no comércio da família quando foram atingidos por um foguete. Mohamed sobreviveu ao ataque. A informação é do jornal O Globo.
Segundo Adnan El Sayed, vereador em Foz do Iguaçu, familiar e vizinho das vítimas à época em que moravam no Paraná, Haj Kamal tinha uma fábrica de materiais de limpeza. Ele optava por levar os filhos ao trabalho desde que o Líbano passou a ser alvo de ofensivas israelenses.
"Os três estavam na empresa porque o seu Kamal levava eles para lá por medo deles sozinhos em casa. Aconteceu justamente o contrário porque a empresa acabou sendo atacada, com ele e os dois filhos", afirmou Adnan à publicação.
O parente revelou, ainda, que os familiares das vítimas no Brasil, em especial a mãe de Ali Kamal, estão em choque com o ocorrido. Eles esperam o retorno de Mohamed ao País, o que deve ocorrer na próxima quinta-feira, 26.
À agência de notícias Reuters, o Itamaraty informou que o governo brasileiro acompanha a situação no Líbano desde que começaram os ataques israelenses, no início desta semana, e se prepara para retirar cidadãos a brasileiros, se houver necessidade.
No entanto, como o aeroporto de Beirute se mantém aberto, ainda não está sendo considerada a necessidade de uma operação de repatriação. Cerca de 20 mil brasileiros vivem atualmente no Líbano.
Israel x Hezbollah
O conflito entre Israel e o Hezbollah já forçou o deslocamento de mais de 90 mil pessoas no Líbano desde segunda-feira, 23, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Desde segunda, quase 600 pessoas foram mortas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Cerca de 1,7 mil ficaram feridas em ataques em todo o Líbano, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH), com informações do Ministério da Saúde libanês.
A escalada da tensão teve início na semana passada, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies ao longo de dois dias seguidos no Líbano. Na ocasião, ao menos 37 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas.
O Líbano e o Hezbollah, grupo que também atua como um partido político, responsabilizaram Israel pela explosão dos aparelhos.
Nesta quarta-feira, o exército israelense disse que atingiu 280 alvos do Hezbollah no Líbano — um dos países mais densamente povoados do mundo, com aproximadamente 568 pessoas por m².
A capital, Beirute, concentra mais de 40% da população do país e é uma das áreas mais atingidas pelos ataques israelenses nos últimos dias.
Outra área fortemente atingida é o sul do Líbano, nas províncias do Líbano Sul e Nabatiyeh, que abrigam 18% dos cidadãos libaneses.