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Advogados de Breivik rejeitam internação e pedem absolvição

22 jun 2012 - 07h04
(atualizado às 09h46)
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A defesa de Anders Behring Breivik, julgado pela morte no ano passado de 77 pessoas na Noruega, pediu nesta sexta-feira, último dia do julgamento, que o réu seja absolvido ou considerado mentalmente são e enviado a uma prisão, mas não internado em uma instituição psiquiátrica.

O advogado de defesa Geir Lipepstad (esq.) dá suas considerações finais durante o último dia de julgamento
O advogado de defesa Geir Lipepstad (esq.) dá suas considerações finais durante o último dia de julgamento
Foto: AP

Confira a linha do tempo dos atentados na Noruega

No último dia do julgamento, exatamente 11 meses depois do massacre cometido em 22 de julho de 2011, o principal advogado de Breivik, Geir Lippestad, pediu ao tribunal que rejeite o pedido da promotoria de internação em um centro psiquiátrico. Após duas horas de discurso, pediu que o cliente seja punido com a pena "mais clemente possível", o que representa a "absolvição", explicou posteriormente.

A demanda de "absolvição" do extremista de direita foi uma mera formalidade irrealizável, mas que não poderia ser evitada, pois o acusado se declarou inocente, apesar de ter confessado ser o autor do massacre para "libertar" a Noruega da "invasão muçulmana".

O momento da alegação da defesa provocou um episódio desconcertante. O advogado pediu a pena "mais clemente possível", mas aparentemente esqueceu de solicitar formalmente a absolvição, o que gerou uma forte reação de Breivik. Assim, apenas depois de uma pergunta da juíza Wenche Elizabeth Arntzen, o advogado confirmou o pedido de "absolvição".

Em 22 de julho de 2011, Breivik matou 77 pessoas. Primeiro ele detonou uma bomba perto da sede do governo em Oslo, o que provocou oito vítimas fatais, e depois abriu fogo contra jovens que participavam de um acampamento na ilha de Utoya, matando mais 69 pessoas.

O extremista considerou as mortes "atrozes, mas necessárias" para proteger a Noruega do multiculturalismo e da "invasão muçulmana". Por isto, apesar de ter reconhecido os fatos, se recusou a declarar-se culpado. Mas o que Breivik mais deseja é ser declarado penalmente responsável, para que sua ideologia não se veja invalidada por uma patologia mental. Em um primeiro diagnóstico, ele foi declarado psicótico, mas um segundo relatório o considerou penalmente responsável.

Nesta sexta-feira, após seis semanas de julgamento, a defesa tentou explicar ponto a ponto a primeira avaliação psicológica, que concluiu que o acusado sofria de "esquizofrenia paranoide". Lippestad destacou que os pontos de vista extremistas de seu cliente não eram as ideias delirantes sintomáticas de uma doença - como afirmava o primeiro informe -, e sim a expressão de uma ideologia compartilhada por outros.

Segundo o advogado, Breivik desencadeou em Utoya "um inferno de violência" não por prazer, como alguns psiquiatras deram a entender, e sim por convicção ideológica. Na quinta-feira, a promotoria solicitou a internação psiquiátrica de Breivik, por considerar que existem dúvidas suficientes sobre sua saúde mental.

Se for considerado penalmente irresponsável, o extremista de 33 anos corre o risco de ser internado em um centro psiquiátrico, possivelmente pelo resto da vida. Mas, se for declarado responsável, pode ser condenado a 21 anos de prisão, uma pena que pode ser ampliada enquanto for considerado perigoso.

O acusado pretende fazer uma declaração final ainda nesta sexta-feira. Depois, seu destino estará nas mãos dos juízes, que decidirão entre a internação ou a penitenciária no veredicto, que deve ser anunciado em 20 de julho ou 24 de agosto.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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