África do Sul alerta para "apartheid da vacina" se países ricos armazenarem doses
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse nesta segunda-feira que, se nações ricas armazenarem vacinas contra Covid-19 enquanto milhões de pessoas de países pobres morrem esperando por elas, isto equivalerá a um "apartheid da vacina".
África do Sul e Índia pressionam pela dispensa de alguns direitos de propriedade intelectual de vacinas e remédios contra Covid-19 na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiou a proposta na semana passada, mas meses podem se passar até se chegar a um acordo.
Ramaphosa pediu aos sul-africanos que apoiem a dispensa em uma newsletter semanal, dizendo que as vacinas deveriam ser "um bem público global".
"Trata-se de afirmar nosso compromisso com o avanço da igualdade e dos direitos humanos, não somente em nosso próprio país, mas em todo o mundo", escreveu ele.
"Uma situação na qual as populações dos países avançados e ricos são inoculadas com segurança enquanto milhões em países mais pobres morrem na fila equivaleria a um apartheid da vacina."
A África subsaariana foi a região que menos administrou vacinas em relação à sua população - cerca de 8 doses para cada mil pessoas, contra 150 doses para cada mil pessoas globalmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ramaphosa lembrou que, vinte anos atrás, a África do Sul enfrentou o setor farmacêutico em meio as esforços para importar e fabricar antirretrovirais genéricos acessíveis para tratar pessoas com HIV/Aids.