O governo da África do Sul anunciou nesta quinta-feira o fechamento de suas fronteiras aos viajantes procedentes dos países afetados pela epidemia de ebola, em uma tentativa de conter a propagação do vírus, que já matou 1.350 pessoas na África Ocidental.
"Estão totalmente proibidas as viagens dos não cidadãos procedentes destes países de alto risco, a menos que a viagem seja considerada absolutamente necessária", afirmou o ministro da Saúde, Aaron Motsoaledi, citado pela agência local de notícias "Sapa".
Além disso, o ministro especificou que todos os sul-africanos que entrarem no país procedentes de Guiné, Libéria e Serra Leoa serão submetidos a um "rigoroso" exame e, caso necessário, serão feitos testes médicos para detectar a presença do vírus.
"Aos cidadãos sul-africanos que desejam viajar para esses países, será solicitado que adiem sua viagem a menos que seja absolutamente essencial", acrescentou Motsoaledi.
Já as pessoas que entrarem na África do Sul procedentes de países considerados de "médio e baixo risco", como Nigéria, Quênia e Etiópia, serão submetidas a processos normais de controle, detalhou.
Na Nigéria, onde cinco pessoas morreram por causa do ebola, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a transmissão do vírus está contida.
Desde a última terça-feira, o Quênia também proibiu "temporariamente" a entrada no país de pessoas procedentes de Guiné, Serra Leoa e Libéria, em uma tentativa similar de conter a epidemia.
De acordo com o último balanço divulgado hoje pela OMS, essa epidemia já causou a morte de 1.350 pessoas e infectou 2.473 na África Ocidental desde março.
O ebola, que é transmitido pelo contato direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%.
Esta é a primeira vez que uma epidemia de ebola é identificada e confirmada na África Ocidental, pois, até agora, os casos estavam restritos à África Central.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil