Agências de viagem cancelam férias no Egito por aumento da violência
A violência no Egito atingiu a indústria do turismo do país nesta sexta-feira, à medida que governos europeus alertaram turistas a ficarem longe dos balneários no Mar Vermelho, o que levou algumas agências de turismo a suspender todas as viagens para o Egito.
As operadoras de turismo alemães Thomas Cook e TUI Germany, parte da maior operadora de turismo da Europa, a TUI Travel, cancelaram todas as viagens para o Egito depois que o Ministério das Relações Exteriores alemão aconselhou seus cidadãos a não viajarem aos populares resorts no litoral.
As empresas disseram que os clientes teriam a chance de remarcar suas viagens para outros destinos, gratuitamente.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha desaconselhou viagens para os balneários, que ajudam a atrair cerca de 1,2 milhão de alemães ao Egito a cada ano. A chancelaria por pouco não emitiu um aviso que significaria retirar os turistas.
"O ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, insta os cidadãos alemães a considerarem este conselho de viagem muito a sério", disse um porta-voz do ministério.
Conselho semelhante da Suécia levou operadoras de turismo suecas a suspenderem todas as viagens para os resorts de Sharm el-Sheikh, a 400 km do Cairo, para a península do Sinai, e para Hurghada, no continente egípcio.
Centenas de milhares de egípcios foram às ruas nesta sexta-feira protestar contra os ataques da polícia contra apoiadores de Mohamed Mursi, o primeiro presidente do Egito eleito democraticamente, que foi derrubado pelo Exército no mês passado. Centenas de pessoas morreram nas ações das forças de segurança em diversas cidades esta semana.
Milhões de estrangeiros visitam o Egito a cada ano para descansar nas praias e visitar sítios arqueológicos e em navios de cruzeiro ao longo do Nilo. A crise política representa mais um golpe para um setor que tem sofrido durante mais de dois anos de instabilidade, desde a destituição do antecessor de Mursi, Hosni Mubarak.
A procura por pacotes de férias nas cidades isoladas do mar Vermelho, longe das cidades egípcias, mantinha-se relativamente bem, mas os últimos alertas de viagem de países europeus será um duro golpe para os empresários locais.
"Algo como 10 por cento das nossas reservas foram canceladas", disse Mohammed el-Sharbagy, proprietário de um centro de mergulho em Hurghada. Ele disse que a cobertura da mídia sobre a violência era parcialmente culpada.
"A maioria dos acontecimentos está a 600 km de distância, no Cairo e em Alexandria, mas as pessoas simplesmente não percebem isso", disse ele à Reuters, por telefone.
"Hurghada está absolutamente tranquila. Tudo o que eu vi hoje foram algumas pessoas e policiais sentados juntos protegendo a igreja."
O Egito atraiu 14,7 milhões de visitantes em 2010, incluindo 2,8 milhões de russos, 1,5 milhão de britânicos e 1,3 milhão de alemães, de acordo com dados da OCDE.
Três anos atrás, a indústria de 13 bilhões de dólares representava 11 por cento do PIB egípcio, de acordo com a Organização Mundial do Turismo.
Mas o número de turistas caiu para 9,5 milhões em 2011, antes de recuperar-se para 11,2 milhões em 2012. Nos primeiros cinco meses de 2013, o número de turistas subiu 12 por cento na comparação anual.