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África

Com 622 mortos por ebola, Serra Leoa importa médicos cubanos

Agentes de saúde de Cuba também deverão desembarcar na Libéria e na Guiné

3 out 2014 - 12h36
(atualizado às 18h33)
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<p>Primeiro grupo de médicos e profissionais de saúde também levou suprimentos a Serra Leoa</p><p> </p>
Primeiro grupo de médicos e profissionais de saúde também levou suprimentos a Serra Leoa
Foto: AFP

Serra Leoa, um dos países africanos mais afetados pela epidemia de ebola, recebeu 165 médicos e enfermeiros cubanos para tentar conter o avanço da doença.

O grupo de 62 médicos e 103 enfermeiros chegou ao país depois de passar por um treinamento em um hospital especializado em doenças tropicais em Havana.

"São 165 autoridades médicas, profissionais de saúde qualificados que estão aqui para nos ajudar na luta contra o ebola. Sabemos que precisamos de todos os cuidados de saúde e profissionais que pudermos obter", disse a vice-ministra da Saúde de Serra Leoa, Madina Rahman.

"Vamos trabalhar sem descanso e fazer tudo o que pudermos para evitar que esta doença continue levando vidas e se espalhe para outros continentes", disse Eydel Miguel Aguero, epidemiologista cubano.

Serra Leoa, junto com a Libéria, é uma das nações mais afetadas pela epidemia, que já infectou mais de 7 mil pessoas e matou mais de 3,3 mil.

E o país, como outros do oeste da África, também não conta com uma boa infraestrutura de saúde. Serra Leoa tem uma população de 6 milhões de pessoas, mas apenas 136 médicos, 1.017 enfermeiros e parteiras e 114 farmacêuticos, de acordo com o site do Serviço de Informações sobre Saúde e Desenvolvimento Humano e Social da África.

Cinco casos por hora

A ONG Save the Children informou que cinco novos casos de ebola são diagnosticados por hora em Serra Leoa, e não há leitos suficientes para os doentes.

A doença já matou 622 pessoas no país, segundo balanço de quarta-feira da Organização Mundial da Saúde.

Mais de 3,3 mil pessoas já morreram por conta da atual epidemia no oeste da África.

O envio de médicos cubanos vai se estender à Libéria e à Guiné, com outros 296 médicos e enfermeiros sendo enviados para ajudar no combate ao ebola assim que concluírem seu treinamento.

Esses dois países também foram profundamente afetados pela epidemia. A Libéria, por exemplo, tem uma população de 4,2 milhões de pessoas e apenas 51 médicos, 978 enfermeiros e parteiras e 269 farmacêuticos.

Médicos cubanos e de outras nacionalidades também atuam no Brasil no programa do governo federal Mais Médicos, que recrutou médicos estrangeiros para locais com necessidade urgente de profissionais.

Outras doenças avançam

O foco no combate à epidemia de ebola tem causado um efeito colateral: muitas pessoas dos países afetados não estão recebendo tratamento para outras doenças, como malária e sarampo - o que, segundo especialistas, está causando mais e mais mortes.

"É um círculo vicioso. Devido ao ebola, os casos de pessoas não tratadas com malária, cólera e sarampo aumentaram de forma significativa", disse à BBC Omary Sisay, especialista em avaliação de riscos de Serra Leoa.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) fez observação semelhante em relação à Libéria, afirmando que a epidemia de ebola prejudicou muito os serviços de saúde para crianças, causando o fechamento de escolas e deixando milhares de crianças órfãs ou doentes.

"Crianças estão morrendo de sarampo e outras doenças que podem ser evitadas com vacinas, mulheres grávidas têm menos lugares para o parto seguro de seus bebês", afirmou o fundo em uma declaração.

O vírus do ebola se espalhou a partir da Guiné, que faz fronteira com Serra Leoa e Libéria. Mas a Guiné foi mais eficaz no combate à doença, pois tem mais recursos e um sistema de saúde "mais resistente", segundo Sisay.

Libéria e Serra Leoa foram mais prejudicadas pela epidemia. Os dois países ainda estavam se recuperando de guerras civis brutais ocorridas na década de 1990 e que devastaram a infraestrutura do país.

Outro país afetado pela doença foi a Nigéria, um dos mais ricos da África, que conseguiu conter o vírus trazido ao país por um funcionário público da Libéria que viajou em um voo comercial.

Foto: Arte Terra

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