Egito cancelou 52 anistias da era Mursi, diz mídia estatal
Entre os casos, estão islamitas da Irmandade Muçulmana, movimento banido no país
O presidente interino do Egito revogou anistias de 52 pessoas perdoadas pelo presidente deposto Mohamed Mursi, disse a mídia estatal nesta sexta-feira; entre os casos, estão islamitas afiliados à Irmandade Muçulmana, um movimento banido no país.
Mursi, primeiro presidente eleito livremente no Egito, havia perdoado uma série de islamitas durante seu mandato de um ano (2012-2013), muitos dos quais estavam presos desde os anos 1990.
O ex-presidente foi deposto em julho do ano passado pelo ex-chefe do exército Abdel Fattah al-Sisi após os protestos de massa contra seu governo. Sisi foi eleito presidente por maioria de votos esta semana, de acordo com resultados preliminares.
Desde a queda de Mursi, o governo egípcio reprimiu duramente a Irmandade, força dominante do país nas eleições após o levante de 2011 que derrubou o presidente autocrático Hosni Mubarak.
Durante os protestos de 2013, as forças de segurança do Egito mataram centenas de apoiadores da Irmandade Muçulmana, ligada a Mursi, líderes do grupo foram presos, e o chefe do movimento, Mohamed Badie, foi condenado à morte, com centenas de outros. Além disso, Mursi está em julgamento.
A agência de notícias estatal Mena disse que as anistias canceladas pelo presidente interino, Adly Mansour, nesta sexta-feira, foram concedidas entre 2012 e 2013. Fontes de segurança disseram que aqueles cujas anistias foram canceladas incluíam um pastor saudita e diversas figuras afiliadas ao movimento internacional Irmandade Muçulmana.
A reportagem da Mena não especificou quais indultos foram cancelados, mas disse apenas que alguns estavam relacionados a "crimes de assassinato e terrorismo contra cidadãos inocentes". O cancelamento ocorre após os indultos "provocarem controvérsia social", segundo a Mena, incluindo "dúvida quanto à sua finalidade".
A Irmandade Muçulmana boicotou as eleições presidenciais desta semana, como também muitos ativistas seculares pró-democracia desiludidos pela repressão. Sisi venceu com mais de 90 por cento dos votos, de acordo com a mídia estatal, citando fontes de campanha e judiciais.
O baixo comparecimento às urnas, no entanto, levantou questões sobre se Sisi teria um mandato nacional forte o suficiente para consertar a economia e enfrentar uma insurgência islâmica armada que se intensificou no último ano.